Até breve

   Eu o mirava no fundo de seus olhos, implorando por algum resquício de amor. Não poderia terminar daquele jeito frio. Nunca fomos assim, aliás, eu era fria, mas não podia acabar daquela maneira.
   - Fica! - minha voz embargada tentado suportar cada lágrima que já começava a descer.

   A cama estava vazia, ele havia saído, estava descendo as escadas e eu saí atrás dele, gritando para que ficasse.
   - Não posso, meu amor. É melhor para nós dois se for assim. Só me... Desculpe.
   - Por que? A gente se ama, não vá. - agora eu parecia uma criancinha de cinco anos implorando por um brinquedo.
   - Me deixe ir minha princesa, é melhor para nós dois. Eu lhe amo mais que minha própria vida, contudo necessito partir.
   - Não me respondeu o por quê. - fiz uma carinha tristonha, um bico enorme, tentando convencê-lo. - Isso é um adeus permanente?
   Ele parou de andar. De longe, percebi que seu corpo gelou-se por inteiro, arrepiando-lhe a espinha. Será que aquilo seria um adeus permanente?
   - Hum... - ele menciona com certo ar pensativo.
   - É ou não é? Meu amor - comecei a descer as escadas, indo de encotro a ele, que se encontrava de costas para mim - Nos amamos, é um amor lindo, puro, sincero. Você sabe que eu jamais corri somente de lingerie rosê, por essas escadas brancas, por alguém antes. Você é único, singular, é meu. Sou sua. Veja, você está somente de cueca e meias, sairá lá fora neste frio? Pense, fique, por favor.
   - Eu.. Não posso meu amor. Concordo com cada palavrinha dita por essa voz que me enlouquece, me paralisa, você é minha e sou seu. Contudo não posso. deixarei minhas roupas de hoje como uma lembrança. Veja, estou levando isto - ele havia roubado minha correntinha escrito meu nome - para todos os dias lembrar-me de você. - abaixou o olhar, continuou rumando para a porta.
   - Você realmente vai? - eu disse assim que pisei no último degrau. - É um adeus permanente?
   - Vou, vou sim, meu amor. Mas é só um "até breve''. Eu voltarei para pegar meu coração.