segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Porta Aberta

Você sentir falta de algum lugar não significa, necessariamente, que sente falta das pessoas que estavam lá. É extremamente possível deixar portas abertas e espantar os fantasmas, deixá-los presos em algum lugar bem inacessível para que, caso um dia retorne, será apenas você e o lugar, como sempre foi.


Claro que nem tudo estará igual. Quando atravessamos uma porta, deixamos um pedacinho de nossa história e vivemos fora dali. Pessoas novas. Jeitos diferentes. Experiências boas e ruins. Do mesmo modo, o lugar deixado não ficou intacto, uma vez que, se não estamos lá, outros estão a modificá-lo.


E, independentemente do motivo que o levou a partir, nunca é possível saber se haverá retorno. Cada caso é singular e existem portas que devem ser trancafiadas e as chaves queimadas. Mas, também existe a possibilidade da qual estamos tratando: quando nos retiramos e podemos deixar a porta aberta.


Vez ou outra é importante ter um lugar para voltar. Seja onde for. Apesar de quem está ali. Ainda que as histórias suas e do lugar tenham lhes transformado. É essa reforma que faz tudo ser diferente.


O seu olhar muda. Estará mais maduro. Mais sábio. Menos pesado. Mais compreensível. Mais relaxado. Mais seguro. E quando atravessa a porta aberta novamente, os olhos captam o essencial ao coração, sem interferências porque você aprendeu que tudo só depende de si mesmo.


Com isso, a nova esfera em que você acabou de novamente adentrar também sintonizará de outra forma. Conquistará seu novo olhar, a nova essência tão leve que chegou ali e acolherá como nunca antes o fez. Sabe por quê? Porque ela, similarmente, foi modificada por tudo de novo que viveu.


Hoje, eu espero que você tenha deixado uma porta aberta.





Anna Laura Tavares