terça-feira, 19 de abril de 2016

Hipocrisia

Deixemos a hipocrisia de lado: a beleza importa sim. É o primeiro contato, o que está disponível independente de qualquer coisa. É aquele osso que forma a saboneteira, é aquela estria no pneuzinho. É aquela barriguinha de Chopp.
O belo é revelador. Ele lhe mostra quem está ali, olhando de soslaio com medo de ser pega porque a timidez é um charme, não porque o olho é preto, marrom, amarelo, azul ou verde. Ele lhe mostra aquele sorriso contido, não porque se é tímido ou a arcada é perfeita e os dentes brancos, mas, porque, fora isso, o desejo tem hora para ser demonstrado.
Quando o momento é bom e está feliz, o corpo acolhe o efeito e este fica guardado para que alguém com o olhar apurado e compatível consiga ver o quão estupenda é aquela beleza. A sua.
É clichê dizer, eu sei, a beleza de cada um está nos olhos de quem vê, porém, isso só acontece porque estes olhares são bastante semelhantes aos seus. Eles sabem chegar ao nível em que você está e lhe reconhece, como um filhote que reconhece a mãe pelo cheiro.
Pode-se dizer, então, que quem afirma ‘’beleza não é importante’’ está veementemente mentindo. Não é só o corpo, o físico, este é só um reflexo de tudo o que se tem por dentro de alegrias, tristezas, risadas, comportamentos, pensamentos, caráter, fé, respeito, amor.
A beleza importa sim. Para alguém parecido com você de diversas formas. E, acredite, a sua beleza é linda.










@annamoud

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Com amor, Camila.


Paulo acreditava que não poderia existir na face da Terra um sorriso que iluminasse mais do que o dela. Era instantâneo, ela sorria e o mundo inteiro se acendia, ficava mais feliz. Era arrebatador o efeito que o mais simples dos olhares dela lhe causava.

Chegara de surpresa na vida dele, a expressão “caiu de paraquedas no meu caminho”, nunca fizera tanto sentido para Paulo como quando ela caiu em sua frente numa tarde invernosa de quinta-feira, tempos atrás. Ela sorriu e o seu mundo mudou de cor, ficou mais intenso, mais feliz e mais puro, uma coisa que nem ele mesmo sabia que podia acontecer.
Era o tipo de garota que o fazia voar, ir longe. Que lhe deu brilho nos olhos, mais calor e o fez crer em finais felizes. O fez escalar a mais alta das montanhas, para chegar ao topo e encontrar plenitude. Fez o seu mundo se sacudir, virar de cabeça para baixo e dar loopings como as mais radicais montanhas russas.

E ele nunca fora tão feliz.

Estava ali, com os cabelos bagunçados e o rosto amassado, devido ao fato de que acabara de acordar. Ela já havia saído, mas era com um sorriso bobo que lia o singelo bilhete que ela lhe deixara, escrito com a letra bonita e bem desenhada. Como ele achava que era tudo nela.

E ela sempre o surpreendia. Afinal, quem em tempos de internet e mensagens instantâneas, ainda escrevia bilhetes, cartas? Mas ela? Ela era diferente e ele sabia da sorte que tinha por tê-la.

“Meu Paulo,

Eu não sei falar tudo muito bem, porque na realidade, falar não é meu forte. Mas acredite que a sensação é de que o sol não nasce se você não está comigo. Você tem os meus melhores sorrisos e cada batida do meu coração. Obrigada por nunca ter tentado destruir meus muros, porque você fez melhor, construiu pontes dentro de mim.
E sabendo disso, tenha um bom dia.
Mais tarde nos vemos.

Beijos, beijos,
Com amor, Camila."


Como se fosse possível ser mais feliz, ele soltou o bilhete e fechou os olhos, visualizando o sorriso que lhe fazia sorrir. Se ela soubesse que encontrou o caminho dentro do labirinto que ele era... Se ela soubesse que encontrou a saída da bagunça que ele fazia... Ela parecia não entender muito bem a imensidão de tudo isso, e mesmo assim, ainda estava lá, ainda fazia. Foi ela que encontrou naquele caminho de pedra as batidas que ele considerava que estavam perdidas. E como não dizê-la nada além de:

"Você tem meu coração.

Com mais amor, Paulo."




Fernanda Aracelly