quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Estabilidade.

Esses dias pra mim estão sendo uma verdadeira prova de equilíbrio.
A cabeça cheia.
Possível e impossível. Pensamentos e ilusões. Medos e coragem. Sonhos e realidade. Felicidade e tristeza. Êxtase e confusão.
Pra um ser humano com sentimentos e um cérebro, controlar tudo isso não é nada muito fácil.
Sua cabeça gira, seu coração fica tão pequeno e dolorido...
Você tem tantas ganas de conseguir um controle, de conseguir situar-se dentro de si próprio, que você acaba se sentindo meio fora de órbita quando isso não acontece.
Sua mente analisa tudo. Tenta encontrar explicações plausíveis. Mas, bem... Tudo não passa de tentativa, já que seu coração, muito controlador, não aceita as tais explicações e sem piedade alguma, simplesmente ignora; te levando novamente a estaca zero.
Você tenta se concentrar em outras coisas, mas é impossível. Em tudo que você olha, sente e fala, tem um pouco da sua confusão interior. Em cada canto, a cada passo, você sente as sombras lhe rondando.
E difícil encontrar um equilíbrio. É difícil tentar se encontrar.
Mas por fim, cansada daquela agonia, você grita em silêncio; grita o mais forte que pode. Sua alma, então, em resposta, lhe envia pensamentos bons; em uma ultima esperança de salvação.
E mesmo que você não perceba, pouco a pouco esses bons pensamentos tomam o controle de você mesmo. Fecham dentro de ti as portas que antes davam a entrada para a nostalgia, e abrem as janelas que agora, irradiam de luz o nosso interior.
Não que conseguir tal feito seja algo fácil. A verdade é que não é, e tão pouco algum dia será.
Mas, sejamos sinceros? Você sabe, eu sei, todos sabemos... A chave de tudo isso, é acreditar!

@Geysedmes

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Tired

   Sabe quando você se cansa das pessoas? Não sei, é como se elas lhe machucassem até você desistir de fazer qualquer simples coisinha. E esse machucado dói, dói muito, lá no fundo.
   É tão engraçado no começo. Um sabor gostoso de mistério vive no ar devido às surpresas de conhecermos o outro e aquele burburinho pelos cantos vão lhe corroendo de curiosidade até que você se entregue de uma vez.
   E aí está o erro: se entregar. Talvez tenha se tornado inútil se entregar tão depressa a alguém, mesmo que seja somente na amizade. Entregar-se deve ser aos poucos, tudo conquistado, tudo no seu devido tempo.
   Ah! Se eu soubesse disso antes... Será que hoje nada disso teria contecido? Será que eu não me cansaria de ninguém?
   Mas, espere. O ano está acabando. Pensaram no mesmo que eu? Sim? É, também acho que cansamos de algumas pessoas, deixamo-nas de lado para que outréns entrem em nossa vida, em nossos corações, d-e-v-a-g-a-r-i-n-h-o, conquistando seu espaço e seu lugar, para que nunca mais saiam dali. 
   Pensando bem, vou me conformar. É, vou parar de importar-me com cada detalhe que faria a diferença, vou deixar fluir, deixar ir... Porque ''se voltar, é meu'', e então não precisarei cansar-me de ninguém.











@annamoud

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Limite.

Ela respirou fundo, tentando controlar os pensamentos e sentimentos
Ultimamente se sentia tão vulnerável, que ela mesma não se suportava. Qualquer pequeno detalhe, ao seu ver, era grande demais; qualquer decepção, parecia devastadora.
Ela não agüentava mais, mas não sabia como evitar.
O coração estava prestes a transbordar, mas ela sabia que dele sairia apenas amor. Ela, de algum modo, sabia que dentro dela não havia apenas amor, e se entristecia ao admitir isso. Ódio, rancor... Havia um pouco de tudo dentro dela.
Mas de qualquer forma, ela não se culparia. Afinal, se houvesse de se auto julgar, certamente seu pensamento racional não acusaria somente a ela; Já que aqueles que estão ao seu redor teriam uma parcela grandiosa de culpa em meio a tudo isso.
Então, tudo bem. – Ela repetiu a si mesma. – Suportaria tudo aquilo até quando conseguisse; ela só não se responsabilizaria por nada, quando por fim, explodisse. 

@Geysedmes  

Don't!



Ela odiava aquele tipo de sentimento.
A sensação horrível de estar sobre lama movediça. Ao mesmo tempo que ela parecesse firme, você é puxado, afundando lentamente; e por mais que lute, é complicado sair daquela armadilha.
Mas, as vezes – apenas em alguns momentos – ela desejava que a terra a consumisse.
Lhe parecia agradável sair de órbita, sumir, se fazer invisível. Sem se preocupar, sem pensar... Sem sentir.
Ela estava tão farta daqueles sentimentos tão irregulares, e que, dia após dias vinham a afetando mais e mais. Afetavam-na tanto que ela já perdia o controle sobre si.
Mas ela sabia que, por mais que quisesse ser engolida pela terra, ela não poderia deixar ser vencida. Por mais que não parecesse, havia outras coisas pelas quais ela deveria lutar.
Não era hora de se deixar abalar, nem que se fosse por um único momento.


@geysedmes

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

So... Fast.

Você se lembra de tudo que costumava me dizer? Se lembra daquelas nossas conversas? Das risadas? Você se lembra que um dia jurou não deixar que nada nos afastasse?
Você me esqueceu? Você, sequer, algum dia, se lembrou de mim?
Onde foi parar tudo o que um dia nós fomos?

Não. Não estranhe. Hoje apenas bateu uma saudade. Aquele tipo de saudade que vem depressa e passa, tão depressa como chegou. 

@geysedmes

sábado, 5 de novembro de 2011

Fases

   Hey! Sorria. Pense. Imagine. Deseje. Viva. Sonhe. Ganhe. Perca. Beije. Abrace. Sinta. Chore. Gargalhe. Dance. Mexa. Grite. Pule. Deite. Observe. Sinta novamente. Acorde. Corra. Fale. Gire. Vá. Volte. Permaneça. Mude. Caminhe. Enlouqueça. Cante. Desafine. Afine. Estude. Escreva. Sorria de novo. Navegue. Viaje. Dirija. Recolha. Veja. Mire. Atire. Recue. Pegue na mão. Trance o cabelo. Malhe. Espreguice. Conte. Inspire. Aspire. Ouça. Toque. Coma. Cozinhe. Lave. Passe. Limpe. Precise. Cresça. Tire foto. Recorde. Guarde. Ache. Imite. Faça graça. Balance. Banhe-se. Aproveite. Use. Abuse. Confie. Seja. Não tenha medo.





Ame.








@annamoud

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Go on!

Você já se sentiu assim? Pequeno demais para mover montanhas e realizar seus sonhos?
A confusão agora parece lhe dominar? O senso comum ultrapassa as barreiras da sua determinação e você se dá por vencido, deixando-se levar.
À essa altura, seus sonhos não são nada além de que poeira alta; a evidencia perfeita de que passos foram dados naquela estrada.
Sua alma está vazia; vagando sem destino certo pela escuridão, em uma busca constante pela salvação.
Ao seu redor não há nada nem ninguém. Você não possui companhia, muito menos algo em que se apoiar caso chegue a cair. Você tem apenas a si mesmo.
Mas, espere! Não se desespere agora! Não deixe que as dificuldades faça-te ainda mais frágil.
Pare. Pense. Silencie a mente.
Ainda há tempo. Não se dê por vencido. Não deixe que sua alma seja engolida pela escuridão. Permita-se ver a luz que exala de seus sonhos; é fraca, eu sei, você quase não pode ver... Esforce-se um pouco. Sei que você consegue. Por que enquanto seus sonhos existirem, haverá uma luz que lhe guiará até onde deves chegar.

@Geysedmes   

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Wait.


Planos.
Durante nossa vida quantos planos e objetivos nós traçamos para nossa vida?  E quantos desses inúmeros planos realmente se concretizam?
É falta de força? De persistência? Aliás, o que nos falta para fazê-los reais?
Eu lamento verdadeiramente não possuir tais respostas, mas espero ansiosamente pelo futuro. Quero ver o que ele me trará; quais pessoas ainda estão comigo, quais hão de estar; Quero ver o que me magoou e o quanto eu superei; quero ter a certeza de que, ao menos, a espera houvera valido a pena, e independente das pessoas que estejam ainda em minha vida, ou aquelas que entrarão, eu fui capaz de realizar os meus sonhos; quero ter a certeza que eu fui forte o suficiente para não ouvir que muitos disseram; quero me orgulhar de mim mesma por não ter desistido, e mesmo que depois de muito tempo, ter conseguido!
Mas enquanto o futuro não chega, o que me resta... É esperar

@geysedmes

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Precise de amor

   Tragam-me amor! Urgente! Já! Agora1 Necessito dele e em muita quantidade, em abundância, excesso, para suprir o que me falta.
   Todavia não quero um amor qualquer. Desejo aquele puro, sem medida, sincero, graduel, simples, agradável, melancólico, cheio de saudade, bom, bom não, ótimo, conturbado, feliz e que pertença somente a duas pessoas: eu e ele.
   Quero aquele amor único, o meu amor. Não precisa ser de namorado, pode ser de anjo, de amigo, de irmão. Contanto que me seja especial, eu aceito toda e qualquer forma e variação.
   O mundo precisa desse raro sentimento. Todos carecem de amor, seja ele da maneira que for. E cada dia que passa, aumenta o vazio a ser preenchido e precisamos buscar em qualquer lugar, em qualquer momento.
   E se achar, por favor não deixe escapar ''como água escorrendo nos dedos, fluindo pra outro lugar''. recolha-o por inteiro e de coração limpo para que por fim você possa ser feliz.
   Ah! E precise de amor. Quando você precisa, saberá onde achá-lo.












@annamoud

Instinto.


A ferocidade tomou conta dela de maneira imediata. A principio, o rosnado escapara baixo, porém, rapidamente se tornara quase ensurdecedor.
Quando, em uma quase explosão, um som forte tomou conta da enorme floresta, o rosnado do animal, em menos de segundo, fez-se um choro silencioso e dolorido.
O corpo do filhote, a frente, estava imóvel. Sem vida.
Porém, em um ato de desespero, quando o instinto prevalecera, em meio a tristeza, ela explodiu, veloz.
O caçador que levava nas mãos uma arma, pôs-se a correr, totalmente em desespero; mas apesar deu seus passos largos, aquilo não fora suficiente para que a velocidade da mãe onça fosse capaz de lhe vencer. Coitado! Ele ainda se debateu, gritou... Mas não adiantou! Tempos depois ele era dilacerado por uma dor inexplicável. Cada parte do seu corpo sendo mordida, cortada. O animal o machucava sem dó alguma. Sem sentimento algum. Ela fazia da mesmo forma a qual ele havia feito quando matou seu filhote. Certo tipo de ódio e vingança misturadas a tristeza de uma mãe.
Ela sabia que aquilo não poderia lhe trazer seu pequeno filhote de volta, mas aquilo tiraria do homem, o direito de achar que poderia tirar a vida de qualquer outro animal.    

@geysedmes

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Renovação

   Chore, chore minha pequena, pois cada lágrima que escorrer de tus olhos os hão de limpar e também tua alma. Não segures o pranto que está pronto para rolar, deixe-o fazer caminho por suas bochechas e te lavar o peito.
   Afunde tua cabeça no mais macio travesseiro e deposite teus sais lacrimais nele, enxarque-o se preciso for, e sem culpa. Alivia-te, deacanse e quando acordar, descarte a maciez de prontidão, para que as decepções daquela vez não encostem novamente em ti.
   Repita o ritual quantas vezes te forem necessárias. Ao cabo do sofrimento, saia, vista-te da forma mais bela e simples que conseguires, busque novos amores, novas flores, novos horizontes para teu coração e não te prendas a um lugar. Mude. Sempre.
   Entretanto, a cada espaço por que passares e sentires dor, pegue os materias necessários e jogue fora tuas angústias. Não as leve contigo, largue-as naquele canto em que fora gerada, desta forma, a causa de tua depressão lembrar-se-á de ti e, por conseguinte, chorará.
   Não te preocupes, não seja receosa ataque, te mostres ao mundo com o interior que possuis oculto aí dentro. Sorria! Arreganhe os dentes mesmo se teu choro estiver preso. Segure firme e, repito, não te preocupes.
   Sonhe. Sonhe grande. Sonhe alto. Sonhe, enfim. Enquanto dormires, eleve teus pensamentos ao teu desejo mias íntimo e secreto, fazendo-o tornar-se realidade. E para cda travesseiro excluído, aumente um sonho bom.
   Peço-te que sigas meus conselhos, esquecer-te-ás dos maus pretéritos e sonharás muito com teu futuro, e fará-lo real, o trará para ti do modo mais vernáculo que se pode existir: através do amor.

















@annamoud

Obscuridad.


O sol já dava ao céu um tom alaranjado, quando ele sentiu a presença dela ao seu lado. O perfume inconfundível; o respirar calmo e delicado; ele não precisava ver, bastava sentir e ele sabia: Ela estava ali.

- E então? – Ele disse em um sorriso.
- Maravilhoso. – Ela mirava o céu, enquanto também sorria. – O laranja e o amarelo nunca pareceram combinar tanto!
- Você acha que o sol vai demorar a ir embora?
- Creio que não. – Ela o olhou rapidamente, logo voltando a mirar o céu. – Mas então... Diga-me: Como se sente hoje?
- Estou bem. – Ele sorria. Um sorriso tão bonito que até era capaz de fazer com que qualquer pessoa que o mirasse, esquecesse da escuridão que o invadia e que, mesmo assim, não lhe  era capaz de impedir que fosse feliz. – O pesar é que o dia me pareceu passar tão lentamente... Eu contei as horas pra que você voltasse!
- Nem tanto quanto eu esperei para estar aqui. – Ela sorriu sincera. Mas, por um instante lamentou. Ele não poderia ver o sorriso que ela o regalava. Mas mal sabia ela, que apesar de tudo, ele podia sentir; o tom de voz delicado dela, a forma na qual ela respirava... Era obvio pra ele que ela sorria!

Ela ainda dedicou a ele minutos de uma agradável conversa; quando, em um suspiro, ela anunciou sua partida.
E mais uma vez, ele sabia, um pedaço de seu coação iria com ela; apenas para ter a garantia de que ela voltaria!

- Você volta amanhã? – Havia uma expectativa casual nos olhos brilhantes dele.
- Claro! Espere por mim. - Ela disse enquanto, delicada, regalou-o um beijo demorado na face, que imediatamente sorriu.
- Eu esperarei. Ansiosamente. – Ele fez questão de frisar aquilo, mesmo sabendo que ela sabia daquilo.

Sem demora o corpo pequeno se levantou, deixando vago o lugar ao qual a pertencia; Ocupando o vácuo, o vento frio, para ele, a partir daquele momento, lhe seria a única companhia.
Depois de alguns minutos ali, apenas sentado, o vento frio lhe tocou a pele branca e delicada, remetendo a noite que chegava mansamente.  Aquele momento, quando a escuridão dos olhos dele se misturava a escuridão da noite, para muitos poderia parecer sinônimo de desespero, mas para ele não era! Oh, enganado quem aquilo pudesse pensar!
No outro dia, ela estaria ali; A voz doce e delicada dela se fazendo os olhos dele em meio ao por-do-sol, em um busca constante de salvação de toda aquela escuridão... E mesmo que lhe fosse doloroso toda aquela ansiedade, a certeza de que ela voltaria no dia seguinte seria o suficiente para não deixá-lo se abalar.

@geysedmes

PS: Texto baseado na música Siempre es de noche de Alejandro Sanz.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Forgive

       ''Esqueça'', sussurrava uma voz inquietante em minha cabeça. Entretanto, era impossível simplesmente apagar as mágoas, fechar a ferida profunda marcada e estagnada em meu peito. Mas a voz sempre continuava: ''esqueça''.
       Confesso que não esqueci. Só... perdoei. Parece que quando se perdoa, a pessoa vai embora e leva com ela cada caquinho do coração que ela quebrou e deixa outro novinho e intacto no lugar para outrém adrentá-lo.
       Talvez o perdão seja a forma mais bonita de amor. Você sofre, você chora, você pensa, você questiona, você se isola, você se aproxima, você sente dor e no fim, bem no final, quando você já não tem mais míseras forças para lutar sozinho, você perdoa, porque você ama.
       Lindo, não é? Provavelmente, a voz não tivesse razão em me mandar esquecer, se a gente esquece, não perdoa, se não perdoa, não ama, se não ama, não era de verdade. E para mim, é, ou era - já não sei - de verdade.
       Contudo, só lhe peço um mínimo favor, um bem pequenino mesmo, não lhe cansará, não lhe tomará tempo: me ame também. Perdoe, não só a mim, como a todos que você ama. Por favor, faça isso por mim, por você, por nós e por todo o resto.
       ''Porque não há maior prova de amor, se não o perdão''.












@annamoud

sábado, 1 de outubro de 2011

Tempo.

Se em algum momento eu fosse digna o suficiente de questionar a Deus o motivo de tantas coisas, talvez tudo em minha vida pudesse ser distinto do que é hoje. Não que eu esteja a murmurar de tantas coisas boas, daquilo que tenho e das pessoas as quais compartilham comigo todas as minhas conquistas; mas a verdade é que apesar de toda a alegria, ainda parece me faltar algo. Algo que apenas o futuro pode me proporcionar e... Esse espaço vago dentro de mim, parece ecoar gritos silenciosos; gritos que fazem com que tudo dentro de mim vibre, tamanha reverberação. E essa vibração é dolorida; me fazendo lembrar a cada segundo que o futuro é uma espera constante; uma espera agonizante e incerta. Mas, a cada ato de um simples respirar, é como se eu tivesse a certeza de que o futuro está mais próximo, e que talvez, é como se Deus sussurrasse em meu ouvido pra que eu tenha calma. Tudo há seu tempo! E hoje, é essa certeza que me faz seguir em frente, esperando para que o futuro finalmente concerte o vazio dentro de mim; que a felicidade das incertezas que se tornaram certezas possam me completar e por fim, eu feche meus olhos, em paz, tendo a certeza de que tudo houvera valido apena.    

@geysedmes

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Devagarinho

   Aqueles olhos castanhos contribuem, junto com a boca singela, para a emolduração perfeita de uma obra de arte esculpida pela natureza.
   Uma pele morena clara, os cabelos lisos e um pouquinho grandes, o corpo definido, mas nada exagerado, as roupas de bom gosto, tudo na medida certa para enlouquecer.
   Ele era enlouquecedor. O sorriso tímido de lado acompanhado do desvio do olhar, o sorriso aberto, escancarado, a risada grave e gostosa, com voz de homem feito. Ele era enlouquecedor ou o seu sorriso que era?
   Os dois. Cada pedacinho dele prendia atenção de um modo único. A beleza mesclava-se ao cheiro bom de banho e um perfume masculino diferente, mas que era muito agradável ao olfato.
    Seria utópico almejá-lo.Bonito demais, carinhoso demais, cheiroso demais, inteligente demais, enlouquecedor demais, perfeito demais, longe demais. Entretanto, não podia-se largar todo o empenho de conuistá-lo, anifal, ningupem era inalcançável.
   Uau! Extremo desafio imenso estava por vir. Não importava. Nada importava, na verdade. Foco. Frente. Seguir em frente. Era necessário foco para consegui-lo e, aos poucos, ele era conquistado.
   Vê-lo se entregar era gratificante, renovador. O sentimento fluia sem pressa, a seu tempo. Ah! E que tempo bom. Era algo que não despertava pressa, cada passo era curtido, aproveitado por ambos.
   Pronto. Missão cumprida. O amor foi instalado.











@annamoud

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Amnésia

   Há tempo eu não aocrdava disposta a escrever como hoje. Contrastando, nunca estive tão inapta em relação a criatividade. É, olhar minha folha despida de palavras dessa vez não ajudou-me nenhum pouquinho, nada, zero, absolutamente nada.
   Ousei tocar a ponta do lápis na folha rosa para ver a que resultado chegava. E pronto, pus-me, como tola, a escrever as coisas sem sentido sobre minha falta de inspiração relacionada a um bobo romance jovem.
   Deixei pra lá essa situação, guardei a folha e fui fazer minhas tarefas diárias; Acabei percebendo no outro dia que havia me esquecido de coninuar a história. Corri até a escrivaninha, salvei a folha da incompleta solidão e escrevi mais um parágrafo.
   Não consegui concentrar-me mais e novamente descarreguei a folha com dois parágrafos extensos na gaveta. Adormeci. Acordei cheia de ideias e antes que o dia acabasse com o belo pôr-do-sol, escrevi três parágrafos.
   O dia acabou, faleci por exatas oito hroas e levantei com as galinhas. Engraçado, eu sentia que precisava seguir uma rotina prazeirosa, entretanto, não recordava-me qual era. segui o plano de sexta normalmente e não recordei o que queria.
   Passou-se um dia, uma semana, um mês, um, dez, quinze, trinta anos. Agora eu já estava velha, a pele enrugada, os cabelos brancos e problemas cardíacos.
    Ainda mroava na mesma casa, com praticamente todos os móveis amadeirados intactos, em especial minha escrivaninha, uma raridade na qual produzi inúmeras obras e livros durante minha carreira de escritora.
   Certo dia, abri a gaveta dela. Há trinta e sete anos eu não a abria por falta de tempo. Encontrei cartinhas da adolescência, fotos e... Um papel desbotado, mas notava-se que fora rosa. Reli-o por inteiro, seus cinco parágrafos.
   Ah1 Era ele! Aquela história de amor que eu jamais terminara devido a minha amnésia grave impedir-me de recordar dela. Sentei, acabei-a da maneira mais pura e doce. Estava pronta, agora meu coração podia partir em paz.



@annamoud

Say.

Era uma tarde de inverno. O vento atiçava as folhas nas copas das arvores, enquanto o sol se via totalmente atrás das nuvens, e por aquele momento, parecia confortável ali.
Não poderia haver cenário melhor que aquele para se aconchegar por entre as cobertas nos braços de quem se ama.
Mas para aqueles dois amantes, as coisas não estavam assim tão fáceis e deleitosas.

— Você não pode ir assim! — Ele corria atrás dela, pelo corredor, apressadamente.
— Tanto posso, quanto vou! — Ela disse decidida, enquanto carregava, com pouca
dificuldade, uma pequena mala nos braços, ao descer a escada.
— Hey, está anoitecendo... Por Deus! Espere até amanhã; temos que conversar com calma.
— Conversar?! — ela o olhou, o olhar tinha um ar irônico. — Não temos nada a conversar. Nosso casamento acabou! — ela dizia, agora, já frente a porta, prestes a sair.

No entanto, ele não deixaria as coisas daquela maneira. Ele a amava demais para simplesmente aceitar aquele auto fracasso.
Então, ela apenas pôde vê-lo praticamente arremessá-la para a porta, colando seu corpo ao dela, impedindo-a de qualquer movimento; Ela estava sendo abrigada a mirá-lo, aquela altura.

— Diga que não me ama, e eu lhe deixo ir. — Ela permanecera calada; e El sabia que ela não o diria. — Diga que não me ama quando lhe toco... — Ele levou uma das mãos a coxa esquerda dela, descoberta pelo shorts que ela usava. — Diga que não em ama quando lhe beijo... — Os lábios dele tocaram, urgentes, os dela; em uma vontade urgente de sentir-lhe o doce gosto dos lábios. — Diga que não me ama quando — Ele levou os lábios aos pés do ouvido dela. — Sussurro aos pés do teu ouvido... Diga... Diga! Diga que não ama quando fazemos amor!

Porém, antes que ela desse por si, os lábios finos e doces dela, sôfregos, procurava abrigo em meio aos lábios dele, O toque dos lábios, aquela altura, poderia ser, facilmente classificado como intensas trocas de energia. Energia essa, que percorria o corpo de ambos, aquecendo-os instantaneamente.
E, diante a tudo aquilo, as mãos falaram por si, atônitas; percorrendo os corpos, sem destino certo ou parada; até que, tempos depois, em uma explosão de paixão, se amaram outra vez. Ali mesmo, em pé, recostados a porta da sala. De modo que, depois, não houvera forças nem, sequer, motivos para ir embora.  

@geysedmes     

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Nosso

   Sinto falta de quando eu inspirava-me todos os dias com doçura e acalento pelo seu encanto. Ora, não se acanhe, chegue mais perto, sem aflições, restrições, medo, susto. Venha, aconchegue-se em meus braços novamente como fazíamos tempos atrás.
   Diga-me, não sente saudade? Eu reluto contra ela todos os dias um pouquinho mais. Parece que falta um pedacinho de prazer no meu coração, como se... Encaixássemos perfeitamente, puramente, suavemente, e esse encaixe não estivesse aqui.
   Ah! Como o passado me faz bem, em especial o nosso passado. Não percebe? É destino estarmos ''juntos'' e não pertence a nós o futuro e, neste, estaremos separados, distantes, porque fomos feitos para alçar voo e sermos livres e não para prender-nos um ao outro.
   Todavia, confesse, é lindo quando estamos nos encontramos. O contraste, o sabor, a delícia, o desejo, a falta, o cheiro, o gsoto. Os olhos fechados, o contato, o... Droga, não sei mais o que descrever.
    Você chegou à mesma conclusão que eu? De que somos partes encaixantes em completa sintonia agora? Veja, deduza, pense. E por favor, lhe imploro que não demore, venha, estou bem aqui, no lugar de sempre e você sabe muito bem disso.








@annamoud

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Wish

   Então, chegou a hora de mudar, alçar voo e seguir o caminho em outro canto, construir uma vida nova, um novo conceito de felicidade e uma nova capa de confiança, que está por vir!
   Afastar-se ligeiramente de onde veio, mudar o coração de lugar e refazer os pensamentos obscuros que as pessoas possuem, faz parte do ''ser feliz''. Esses novos conceitos e padrões qu estão sujeitos a passar encontram-se no interior, no sonho, no desejo.
   Desejo. Hum, palavra de seis letras. Palavra tão pequena e tão... perigosa, afinal, não são nos menores frascos que se encontram os piores venenos??? E que veneno letal este.
   De uma forma tão sutil e leve, a ânsia pela mudança acaba levando loucura a sanidade e então pronto, está lançado o perfil do medo e ansiedade que atrapalharão o curso do caminho a ser seguido.
   Bobagem! O medo não existe, o obstáculo não existe. Se o seu coração puder lhe acompanhar, o resto.. Ah! O resto queda-se no passado mais que perfeito, em lugar que o coração nãopode ser alcançado pelo amor.







@annamoud

domingo, 28 de agosto de 2011

Apenas Talvez.

E talvez, agora, seja o momento de rever meus conceitos, de mudar um pouco.
Mudar concepções; lutar pela conquista de outros sonhos e deixar aqueles antigos, agora não tão importantes, para trás; viver de outra maneira. Sorrir mais, chorar mais, viver mais.
Talvez eu esteja errada, ou talvez seja o melhor pra mim.

Talvez, apenas talvez, algum dia eu possa entender por que tudo deve ser assim! 

@geysedmes

domingo, 21 de agosto de 2011

Sonhe, sorria, seja

   Se pensas tu que me eres felicidade vital, reveja tues conceitos e seja leve, produza a tua leveza e não te apoies em meu ser. Não sou feliz como tu és e não o posso ser, tenhas cuidado absoluto com tal situação.
   O teu sorriso é diferente do meu, a minha busca é diferente da tua, difiro-me de ti, somos, pois, singulares em alegrias e profundezas sentimentais. Perceba qe há moddos e modos de passarmos a ser felizes.
   Este proccesso de busca, de almejo, nos diferencia cada vez mais abruptamente. Ora! Desde que nascemos, somos e nos vemos obrigados a buscar um arreganhar dentário quase todos os dias e sem êxito algum, há dias que não conseguimos a ''perfeição''.
   Posso abertamente desassociar perfeição de felicidade. Assim como não existe ser humano capaz de alcançar a primeira questão por completo, a segunda não é presente em todo momento, mesmo que estejas exibindo tua melhor máscara alegre.
   Então, não penses que és perfeito, tu não alcançarás completo êxito em tudo o que fizeres. Não vissta máscaras de belos sorrisos o tempo inteiro, afinal, todos sabem que tu não és assim. E jamais associe felicidade com perfeição, isto não existe, não cabe em ti.
   Que tu sejas distinto de mim, que tua felicidade se difira da minha, contudo, que tenhamos algo em comum para que enfim nos aceitemos como somos realmente e para que alcancemos nosso almejado sonho: viver.







@annamoud

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Descobertas.



Ela andava calmamente; o pensamento longe.
O sinal verde invadiu sua visão, e ela soube que poderia seguir adiante. Levou o pé esquerdo a frente, pronta para dar o primeiro passo, quando sentiu alguém tocando-lhe o ombro direito, impedindo-a de seguir em frente.

 — Será que... Você poderia me ajudar a atravessar a rua?

Os olhos coberto por um óculos preto, escuro; na mão uma bengala, e nas costas uma mochila. Os cabelos de um castanhos claro, um tanto quanto encaracolados; altura mediana.
Ela o mirou mais uma vez, e viu um sorriso tímido e ansioso surgir na face estupendamente branca, do rapaz. 
Ela sorriu, levando a mão esquerda, até a mão direita dele. O toque das mãos, causou ao rapaz segurança; uma segurança diferente, talvez mais intensa.
Quando os pés dos dois se viam em total inércia, frente ao meio fio, ela sorriu e soltando-lhe a mão, deixando-o livre, desfazendo o contato dos dois.

— Você não... — Ele tinha receio em continuar aquela frase. — Você não aceitaria tomar um café? — Ele sorria torto. — Uma forma de agradecimento, talvez.

Eles não sabiam, mas dali a algum tempo ela viria a descobrir que os olhos dele era azuis, da cor do mar; e que, sua cegueira, viera de uma cirurgia mal realizada, há alguns anos. Logo, ele também viria a descobrir que ela era professora primária, em uma escola publica da cidade, e que, por coincidência ou não, ela possuía um filho, com idade de oito anos, no qual também era cego. E juntos, eles viriam a descobrir a força de um amor; amor este, que seria capaz de enfrentar barreiras e dificuldades.
Mas tudo aquilo, eles descobririam no futuro, e o futuro, naquele momento, dependia do presente.

— Claro. — Ela sorria tímida, enquanto levava mais uma vez sua mão até a dele. — Vamos?!

E a partir daquele momento, o presente, se fazia futuro.

@geysedmes

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

SETE

   Bucolismos árcades e carpe diem à parte, aqueles campos da fazenda eram denormes e deliciosos. Quisera Meggy viver no século XVIII, onde naquela época, somente o dia bom e proveitoso era tudo com o que deviam preocupar-se na vida.
   Sonhava. Comtudo as lembranças de um terrível assassinato  perseguia-a como um pombo corre atrás de migalhas de pão e pipoca no Central Park de Nova York aos domingos. O céu azul e o otimismo deram oportunidade para que as cinzentas nuvens dessem o ar de sua desgraça e a tristeza das memórias adentrassem sua mente.
   Aquele dia marcara o coração da garota. Sete facadas, no coração dele. A assassina  fora completamente covarde e cruel. A perigosa mulher o amava. Muito. Demais. Imensuravelmente. Incrivelmente. Simplesmente o amava. Contudo, pegou-o de surpresa, frágil, desprevinido, de costas enquanto ele estava no banho.
   Não houve tempo para audíveis gritos de dor e agonia lenta. Meggy o encontrou logo pela manhã, ensanguentado, caído com as largas mãos por sobre o peito. Estava nu, um gesto de humilhação pós-morte. Coitado.
   Entre tantas coisas a se pensar e fazer,a  delicada moça dispõe-se a ler a carta deixada pela bandida. Um impecável envelope branco, com papel bege e letra desenhada.
   ''Matei o seu amor. Não é no corção onde este se encontra? Pois bem, arranquei o dele. Sinta-se feliz agora. Ou melhor, viva feliz aogra. Tente viver, afinal, o seu amor era o dele, e ele não existe mais.''







@annamoud

domingo, 14 de agosto de 2011

Cavalo Branco.


O galope ecoou alto pelas janelas entreabertas do quarto dela. Ela sorriu, já sentindo o coração ecelerar dentro do peito. Levantou-se as pressas da cama e pegou seu hobbie que estava em cima da poltrona mais próxima. Lá fora devia estar ferio – ela presumiu ao mirar rapidamente a janela e ver o céu nublado. – mas aquilo não importava, no momento. Ela saiu do quarto a passos largos, e desceu a escada que a levaria para o primeiro andar, descendo de dois em dois degraus, para que chegasse mais rápido. Quando se viu frente a porta da saida da casa, ela a abriu, sentindo o copração quase saltar pela boca. Sorriu ao ver o cavalo branco a frente, no entanto, o sorriso, aos poucos fora morrendo ao ver que não era ele quem montava o cavalo.

- Bom dia. – O homem desceu do cavalo, indo em direção à moça. – Sou mensageiro do exercito. – Ele se identificou rapidamente e pode perceber nos olhos dela, certa surpresa, confusão e um resquício de medo. – Tenho um bilhete de seu marido.
- Por favor. – Ela pediu, com a voz falha. O homem lhe entregou o pedaço de papel, dobrado ao meio.

Apenas para dizer que amo você.”

Era a única frase contida ali, em uma caligrafia perfeita. Ela sorriu, sentindo as lagrimas inundarem seus olhos.
Céus, ele estava bem. Ele estava vivo! E nada mais importava. Nem a distância, nem o medo, nem a angustia. Ele estava vivo e aquilo, já lhe era o suficiente!

@geysedmes

sábado, 13 de agosto de 2011

Envelheceram a vida

Além do mais
Quem se importa com a vida?
Aqueles simples olhares
Um simples e verdadeiro 'Eu te amo!'
Aquele fim de tarde caminhando ao pôr do sol
Rumo à felicidade


Esqueceram a vida
Esqueceram de viver
Finalizaram o incompleto complexo
Aquele complexo do amor
Nas margens do rio
Sentou, chorou, entristecceu de dor









@annamoud
E não importa quando, seus verdadeiros amigos estão sempre ao seu lado.












@annamoud

Too late

   ''De meus olhos caíam lágrimas de dor, de tristeza, de aflição, de súplica por ajuda. Cada dia que se passava, eu estava mais e mais arrependida de ter voltado. Cacetada! Er tão mais difícil ver-me presa e de mãos atadas. Eu não podia sair. Eu não podia chorar. Eu não podia.
   cada dia ao lado dela era um sofrimento adicionado em meu peito. Cada palavra pronunciada para qualquer coisa feria mais. Estava doendo tanto, e, sempre que doía, recordava-me de tudo, como num filme, as brigas, os farpões que nos eram jorrados de modo abrupto que não conseguia arrepender de prontidão. Jamais foram pedidos perdões. Tudo. E piorava a cada lembrança. 
   Meu ser não aguentava mais. Estava eu demasiadamente farta de tanta angústia que aquela casa, aquelas pessoas me traziam. Basta! Cheguei ao ponto de entregar-me por completo para o mundo do êxtase e do anestésico mental. Passei a viver no meu mundinho de dança inútil. 
   Consegui desistir de um jornalístico sonho, de um dançado sonho inútil. Puseram-me frente à facas afiadíssimas para que eu não mais suportasse viver. Parabéns! Vocês conseguiram. 
   Agora, não vou mais viver, obrigada. Adeus!''
   Esta fora a única carta deixada pela garota dias antes de suicidar-se. A bailarina de vinte e dois anos causou um reboliço na grande cidade de Nova York.
   Para sua surpresa, do céu ela pode ver seus familiares lamentando-se pela perda. Em especial sua mãe. Ela chorava até soltar soluços. A menina espantou-se. Logo a mãe, que destruía todos os seus verdadeiros sonhos e destruía quem ela era de verdade.
   Talvez, era esse o modo da mulher demonstrar amor e proteção para com a filha. Em vão. A garota rebelde jamais aceitaria tudo de bom grado. O sofrimento que a ''garotinha'' sentia era tão grande, tão profundo... A oportunidade que aquela mãe teve de amar a filha se fora, jamais haveria outra oportunidade.




@annamoud

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Alergia


                O céu estava tão límpido, tão azul, tão claro, com umas nuvens brancas gostosas de apertar. O sol estava em seu estado primitivo de laranja quando ela levantou-se e foi para o banho quente. A pele morena que contrastava com o tom de mel dos olhos estava em perfeita harmonia com os invejáveis ondulados cabelos castanhos na altura dos seios.
                Ah! Aquela sensação de banho, a água quente escorrendo por sobre a epiderme lisa e perfeita, cada gotícula entrando nos poros fazendo com que a temperatura aumentasse em todas as partes.  O sabonete líquido, produzido com champanhe funcionava divinamente, deixando a pele macia e sedosa.
                Contudo, algo a intrigou, uns pontos vermelhos por todo o lado esquerdo do corpo. Aquilo coçava e, cada vez que coçava, doía a ponto de arrancar-lhe algumas lágrimas. ‘‘Droga!’’, ela praguejou. A alergia. A maldita alergia de amor voltara. E voltara desta vez com poderes letais.
                Saiu às pressas do chuveiro. Olhou o relógio, eram 6:15 da manhã.  Ainda faltava muito tempo para que pudesse chegar à faculdade. Sentou-se, ainda enrolada com a toalha felpuda branca, no sofá e pôs-se a ver TV.
                Todos os programas favoritos dela pareciam perseguir-lhe. Todos falavam de amor. No momento em que ela menos precisava, no momento em que ela menos queria, o amor estava no ar, estava na água das fontes da praça, no chão de todo continente. Uma praga que se espalhava tão... Espantosamente, que ela tinha medo. Muito medo.
                Resolveu desligar o aparelho e foi trocar de roupa. O que usar? Escolheu uma calça jeans skinny, de lavagem escura e sem muitos detalhes. Uma blusa básica de algodão gola ‘’V, manga três quartos e cor caqui. Nos pés, uma sapatilha nude com fivela dourada na ponta. Prendeu os cabelos num coque e saiu cidade a fora, as seis e quarenta e sete da manhã.
                Ela rodou sem rumo, o sol estava começando a amarelar. O carro cinza vagou por minutos a fio sem saber exatamente onde queria parar. “Não!”, ela gritou assim que percebeu onde estava. Aquele lugar só traria mais e mais coceira, cada segundo ali aproximá-la-ia da morte. O parque. A fonte. OS brinquedos. A pista de corrida.
                Parou o carro e desceu. Respirou fundo e olhou ao redor. Dessa vez não havia ‘’ele’’ para que seu coração se acalmasse, entrasse em paz e ao mesmo tempo, euforias de modo indizível arrebatavam sua mente, palpitando muito mais que o normal aquele pobre coração.
                Cada neurônio mandava um comando para cada célula de cada pé daquela mulher, contudo, estes eram bastante resistentes, travavam como ninguém conseguira ver antes. E com muito esforço, o pé direito espaçou seu primeiro milímetro adiante, mirando o balanço vermelho.
                Sete e treze da manhã. O céu continuava lindo, o sol ousou iniciar o aumento de sua temperatura. A mão esquerda, empolada e delicada, com belas unhas feitas e pintadas de vermelho vinho, subiu a manga direita da blusa; a direita, retirou de dentro da bolsa uma câmera fotográfica.
                Aquela máquina guardava as melhores lembranças de um passado não tão distante, contudo era um ‘’lá atrás’’ que a pequena agradecia ter tido, pois sua alergia era intacta naquela época. Ligou-a, reviu as fotos de antigamente, sua pele não era empolada, em especial na pele que revestia o local externo onde se encontrava o coração, seus cabelos eram sempre soltos para que ele pudesse passar as mãos todos os dias, evitando que ela os penteasse.
                O amor fazia falta. Sua alergia não. Ela gostava do amor, ele era companheiro, doce, sincero, protetor, amigo. Merda, por que diabos aquela reação tinha que estar logo nela? Logo em seu corpo? Por quê? Os lábios apertaram-se, num gesto de tristeza e culpa. Se naquele dia não tivesse...
                Todavia, agora tudo foi deixado para trás: a dor, a culpa, as lágrimas, as... Fotos. Por mais dolorido que fosse, era necessário que tudo estivesse em seu lugar e então a cura para o mal, viria. A pele empolada, as dores, os efeitos anestésicos dos pensamentos que ela deixava fluir, tudo isso iria embora se ela conseguisse deixar o passado no passado.
                E o amor se foi. Ele se foi. Ela se foi. As lágrimas se foram. As fotos se foram. O parque se foi. A pista de corrida se foi. O balanço vermelho se foi. A máquina se foi. E a alergia ficou, o amor jamais seria para ela a partir de agora.