quinta-feira, 1 de maio de 2014

Ela

Ela, sentada à mesa do café da cidade, com a saia justa ao corpo e a camisa com o primeiro botão aberto, retirou a linha labial de cappuccino assim que colocou a xícara sobre o pires. A língua rosa ganhava o formato de um morango quando deslizava da esquerda para a direita, suavemente, concomitante ao olhar que pairava de baixo para cima rumo à janela.
Retornou sua língua para dentro da boca pequena e finalizou o feito com uma leve mordida no lábio inferior. Muito discreta. Extremamente sexy também. Seduzia-o instantaneamente (só sua presença era assustadoramente eficiente), ainda que morassem em cidades distintas e distantes, ainda que ele não a conhecesse.
Há um tempo, Anabelle ocupava seu tempo conferindo as novidades de uma rede social. Passava as notícias rapidamente, sem dar muita importância, até que, como num insight, parou a tela. A sua frente estava a foto de um rapaz de cabelos fabulosamente ondulados e bagunçados, agregando beleza ao rosto masculino barbado.
Não pensou meia vez, logo o fino dedo da moça mexia-se para adicioná-lo. Não cogitou as consequências, não fez a clássica lista de prós e contras, só sabia que era um dever entrar em contato.
A partir de então, acompanhava a beleza de Felipe, a inteligência cultural, o corpo de um homem que aproveitou o andar dos ponteiros com uma boa roda de amigos, comida, música e cerveja. Fora ali, naquele café, que tudo começou.
Levantou-se puxando a saia para baixo, pagou a bebida, o pão de queijo e retornou para a faculdade. Estava no último período, um ano adiantada e com o melhor desempenho já visto naquela universidade. Típico dela. E pelo que andara reparando, dele também.
Começou a desenvolver mais uma parte de seu trabalho de conclusão de curso, uma pesquisa sobre o estresse que rondava a vida dos monitores do seu curso. Ela gostava de estar nos prédios claros de grandes janelas e elevada temperatura amenizada por alguns ventiladores de teto. Sempre que podia, encontrava um motivo para ficar lá.
Perdeu-se no resto da tarde ali. Livros, artigos, pesquisas, orientador, computador e palavras. Muitas palavras. Aquilo que ela mais amava no mundo. Mirou o relógio: dezoito horas e cinquenta e dois minutos. Hora de voltar para casa.
Menos de meia hora no caminho. Estava exausta. Subiu pelas escadas até o terceiro andar e adentrou no charmoso apartamento 301. Abriu a janela da sala e a da cozinha, sentindo o vento assoprar-lhe os cabelos e refrescar o suor da caminhada. Saiu da cozinha voltou para a sala e ali mesmo livrou-se da saia e da blusa, trajando apenar um conjunto de calcinha rendada e detalhe frontal de cetim e o sutiã acompanhando o mesmo estilo. Tudo na cor verde.
Deixou as peças de roupa no chão e ligou a televisão. Ainda passava uma novela no canal local e então ela zapeou tentando achar algo interessante. Sem sucesso. Pegou o computador e ligou sem saber o que queria fazer realmente. Lembrou-se do desconhecido Felipe. Resolveu, a seu modo, tentar torná-lo um conhecido.
Ana (como geralmente as pessoas chamavam-na) era estranhamente tímida. A melhor maneira que encontrava para conhecer alguém era observar essa pessoa. No caso do moço em questão, seria um pouco mais complicado, todavia, ela não se importava, sabia que iria gostar do jogo que estava começando a criar.
Encetou com fotos. Analisava cada parte visível dele a fim de conhecê-lo melhor. Já sabia do maravilhoso cabelo que pedia para ser afagado, ora docemente, como que para ninar, ora carregado de selvageria, para dar-lhe ainda mais desordem e personalidade, entretanto, agora podia reparar na sobrancelha naturalmente bem desenhada, no queixo com uma leve fissura e a barba, ah! A barba...
Tinha ainda a pele clara, as olheiras, os óculos para miopia, as mãos que pareciam tocá-la através da tela. E Felipe não era só isso. Era também a personificação do desejo e não sabia o porquê, era também a sua leitura vasta, variada e rica, era a sua cerveja de fim de semana, ele era simplesmente ele.
A morena de um metro e sessenta e três centímetros, com seus cinquenta e poucos quilos, cabelos cacheados abaixo do ombro e olhos vivos e castanhos gostou de segui-lo, mas não tinha coragem de dizer um ‘’oi’’. Seus pensamentos se tornaram, naquele instante, imaginações de como se daria esse encontro.
Ela pensou em mil possibilidades, desistiu de todas elas e quis voltar ao seu mundo real que pedia um bom banho. No pequeno corredor que saía da sala, tirou o sutiã, soltou os fios que estavam presos em um coque parisiense e quando chegou ao banheiro, tirou a calcinha.
Enfiou-se debaixo da água tão logo ligou o chuveiro. Como ela adorava tomar banho! Sentia-se de alma limpa e nova, gostava de acariciar o próprio corpo quando não tinha ninguém para fazê-lo. Apreciava o modo como cada gota entrava em contato com a pele porque era uma semelhança com a chuva que batia na janela: tinha efeito calmante.
Saiu de sua lavagem corporal imersa em pensamentos aleatórios e tolos, voltados para o seu ignoto. Sim, em apenas um dia havia criado uma espécie de apropriação sobre ele e ele nem sabia. Ainda.
Foi para o seu quarto, vestiu o pijaminha de praxe e foi para a cozinha preparar uma refeição. Cozinhou o arroz sem cebola, o macarrão simples ao alho e óleo, bife ao molho madeira e a salada. Ela gostava de cozinhar, mesmo que não se aventurasse naquele espaço tanto quanto gostaria.
Comeu, lavou a louça, estudou, pensou no Felipe, escovou os dentes e foi dormir. A partir daquela segunda, essa seria basicamente sua rotina, acrescida do estágio e do detalhe de que não gostava de ter muitos amigos e, consequentemente, não saia muito.
Vez ou outra pegava um cinema ou barzinho com as duas colegas de faculdade e em hipótese alguma tocava no assunto de sua espionagem alheia. Aquilo era um segredo dela para ela mesma e estava confortável em nutrir uma forte atração por um desconhecido.
O tempo foi passando. Em alguns dias, corria desesperadamente, em outros, arrastava-se para que o fim não chegasse. Não importava como as horas estivessem consumindo o dia, Ana sempre dava um jeito de saber alguma coisa sobre o homem que colecionava versões do livro Lolita, do autor russo Vladimir Nabokov.
Peculiar. Interessante. Instigante. Sedutor. Imaginável. Possível?
Ela assistiu às duas versões do filme. Leu o livro. Adorou a história. Cogitou a ideia de tornar esse assunto uma desculpa para, de fato, conhecer Felipe, afinal, por mais que ela pesquisasse, sabia muito pouco sobre ele.
Deixou essa possibilidade de lado e pôs-se a pensar em algo que fosse realmente plausível para uma primeira conversa.
Tic TAC tic TAC tic TAC tic TAC
Tic TAC tic TAC tic TAC tic TAC
Tic TAC tic TAC tic TAC tic TAC
Depois de uma semana: bingo!
Lutando muito contra sua timidez e a taquicardia que tinha toda santa vez que ficava ansiosa, a universitária-a-um-mês-da-apresentação-do-TCC conseguiu abrir uma aba para conversar com ele no bate-papo da rede social. Só o fato da abertura contava muito para ela.
Esperou. Escrevia ou não? E se ele não quisesse conversar? E se ele a achasse estúpida? A diferença de idade era considerável e não causava problemas para ela, mas e se causasse para ele? Sim, Anabelle parecia uma adolescente de quinze anos que não sabia como paquerar o garoto por quem tinha uma quedinha.
Espera aí! Ela estava a fim dele? Bom, ao menos para quem olhasse de fora, sim. Só que ela sabia que aquilo era mentira. Não, não era paixão, não era amor. Era desejo. É, ela o desejava sem nunca ter tocado-lhe a pele, os cabelos, o corpo, a alma... Sentiu a espinha arrepiar-se. Bom sinal.
- Oi. – conseguiu enviar. Torcia para que ele respondesse e que tudo o que assolava sua mente pudesse virar realidade.
- Oi. – ele respondeu em mesmo tom. Pelo modo como se expressava em seu perfil, o jornalista parecia simpático. E de fato o era.
- Tudo bem?
- Tudo sim e com você? – ela estava começando a ficar orgulhosa de ter ao menos conseguido uma conversa mecânica e banal.
- Está tudo bem também, obrigada.
Ele responde colocando a imagem de um rostinho sorrindo. Fez com que a moreninha se recordasse do sorriso que vira nas fotos, tão misterioso, provocante até.
- Então, eu sei que você não me conhece, mas gostaria de pedir-lhe um favor, se puder. – era muito estranho pedir um favor a um desconhecido ‘’pelo bem da publicação de um artigo’’?
- Se estiver ao meu alcance, considerarei fazê-lo. – O modo como ele falava fazia com que Ana imaginasse aquela fala ao vivo.
- Sou estudante de psicologia, estou desenvolvendo uma pesquisa sobre pessoas fumantes e publicarei a pesquisa no arquivo da minha universidade. Vi em algumas fotos que você fuma, poderia participar? – Ela não estava fazendo aquela pesquisa, o trabalho foi finalizado em seu terceiro período, porém, de fato, ela iria publicar.
- Como seria minha participação?
- Você responderia ao questionário que eu lhe entregaria, com questões fechadas (opções de resposta), garantia de anonimato e devolutiva, caso queira.
- Posso participar sim. Você me enviará o questionário? Ou marcaríamos um lugar para que você o aplicasse?
- Marcaríamos um lugar. Pode ser semana que vem? – afinal, ela tinha de procurar um meio de chegar até ele.
- Claro, manteremos contato até lá. É só avisar quando quiser.
- Obrigada!
- Por nada, senhorita.
Não foi tão difícil assim. Agora Ana só teria de procurar passagem, hospedagem, imprimir o questionário e a devolutiva, uma vez que o trabalho estava pronto. Tanto investimento para que, finalmente, pudesse dar veracidade concreta ao seu desconhecido. Estava perto o momento em que Felipe viraria uma realidade palpável, ainda que existisse a possibilidade de não ser como ela queria.
Antes de pesquisar locomoção, passou na empresa onde trabalhava e conseguiu tirar três dias de folga no próximo final de semana. Voltou para casa naquele domingo aconchegante e ligou o computador. Terminou de escrever seu trabalho final, pôs-se a remexer os sites e encontrou o que procurava.
Agora a ansiedade tomaria conta daqueles vinte anos ambulantes em um corpo miúdo de uma ex-bailarina que sabia bem o que queria daquele homem. Ela teria três dias para conseguir e jurou para si mesma que se necessário fosse, ultrapassaria seus próprios limites para isso.
Talvez a determinação da moça fosse tanta que seu desejo por ele aflorava a qualquer momento e pode ser que isso tenha feito com que a última semana do outono marchasse tão veloz quanto o leão faminto e por fim o grande dia chegou.
Durante a semana, falou uma ou duas vezes com o incógnito Felipe e essas poucas conversas lhe ocupariam a mente quando se pusesse de pé para endireitar o acaso.
A quinta-feira deu o ar quente de sua graça às oito horas da manhã. Ana levantou-se, tomou um banho demorado e frio, vestiu uma calça jeans branca, sapatilhas de verniz na cor vinho, blusa da mesma cor dos sapatos e um batom mais escuro. Fez uma mala enxuta, chamou um táxi e foi rumo ao aeroporto.
O voo não foi demorado. Saiu da sala de desembarque, tomou outro táxi e chegou ao prédio da rua quinze, pois o fabuloso garoto alguns bons anos mais velho não a esperaria chegar, estava trabalhando e eles combinaram de se encontrar pela noite no apartamento.
Ela mostrou a reserva e subiu. Sentiu-se em casa. Pegou uma garrafa de água mineral sem gás no frigobar e mandou uma mensagem para ele avisando o endereço de onde estava por volta de meio dia. Ele respondeu que logo mais apareceria por lá.
Ele era alto? Baixo? Fazia jus ao ar galanteador que apresentava em cada linha que escrevia e foto que postava? Tinha um gosto tão bom quanto aparentava? Eram inúmeras indagações que preenchiam o tempo até o interfone tocar.
- Pois não? – atendeu desatenta.
- O senhor Felipe está aqui.
Dois segundos de silêncio.
- Senhorita?
- Mande-o subir.
Iniciou a contagem regressiva. O elevador parecia demorar séculos. Ouviu-se o indicador de que ele havia chegado. A campainha toca.
Anabelle tocou a maçaneta e girou-a.
- Olá. – ele disse e regalou-a com o melhor sorriso tímido que podia.
Ela arregalou os olhos. Indubitavelmente aquele era o homem que correspondia ao que ela pensara durante todo esse tempo. Era mais alto que ela, o perfume exalava e penetrava suas vias aéreas superiores onde podia. Era notável que acabara de tomar banho.
- Olá – disse por fim. – Entre.
- Com licença. – Ele seria naturalmente incrível assim o tempo inteiro?
Ana abriu passagem para ele, inalando aquela olência extraordinariamente aprazível. Fez um gesto com a mão para que Felipe se sentasse no sofá da sala e ele o fez.
- Então, por onde começo? – ele não escondia a empolgação em participar de uma pesquisa.
- Aqui. Não coloque nome, apenas marque uma alternativa em cada questão, qualquer dúvida, é só dizer. – entregou a folha de papel e uma caneta.
- Você não é daqui, não é? – logo reparou que a universidade responsável pela pesquisa não era daquele estado, além do sotaque da moça.
- Não. – disse e soltou uma leve risadinha, em seguida explicou sua origem. Ele deu-se por satisfeito e começou a responder o questionário.
Anabelle estava sedenta e não conseguia disfarçar. Mirava-o e devorava-o com o simples penetrante olhar. Desejava aquele homem ali, naquele momento e, aparentemente, ele não sabia disso.
- Terminei – anunciou.
- Obrigada, até domingo terei a devolutiva.
- Tão rápido?
- Já computei a maioria dos resultados, faltavam apenas dois questionários que completei hoje. Mais uma vez, obrigada.
- Por nada... – deu uma brecha para que ela falasse seu nome.
- Anabelle. Pode me chamar de Ana. Ou de Bel. Ou de Belle. Ou como preferir.
- Bonito nome, Belle. Acho que vou te chamar assim. Prazer, Felipe. – Isso eu sei, pensou.
- O sexto nome mais comum neste país. Bonito. – abaixou o olhar e sorriu de canto. – Posso fazer-lhe uma pergunta?
- Claro. – ele mostrou interesse, principalmente no decote que ela mostrava discretamente.
- Por que escolheu Belle? – sentou-se ao lado dele no sofá, retirando as sapatilhas dos pés.
- Francês. Épico. Avigora a beleza da dona do nome. – arqueou uma sobrancelha e sorriu, aproximando-se um pouco mais dela. Com as bochechas enrubescidas, retribuiu o contato, aproximou-se dele também.
Meio desajeitado, Felipe pegou a mão de Belle e logo ambos sentiram a corrente elétrica que passava entre os dois. Ela fechou os olhos, sentindo a eletricidade e a brisa noturna que avisava o frio que estava por vir.
Sentiu o calor dele mais perto e manteve a vista cerrada. A mão macia do rapaz começou a acariciar os cabelos dela pela nuca e ela inclinou o pescoço para aumentar a superfície de contato com a mão dele.
Em seguida, abriu os olhos e fitou-o docemente. Tomou-o pela mão que lhe afagava a bochecha esquerda e o conduziu para o quarto com as luzes apagadas. Ninguém disse uma palavra.
Ela sentou-se na cama com as pernas cruzadas e a coluna reta. Ele repetiu o feito, entretanto deixou as suas pernas abertas encaixando-a entre elas. Ana fechou novamente os olhos e sentiu lábios deslizarem por sua nuca e chegarem à orelha.
Carinhosamente, acariciou a perna que lhe amparava, sentindo a textura da calça jeans. Ele tocou na barra da blusa vinho dela que automaticamente levantou os braços permitindo que ele tirasse a peça. Ela, por sua vez, levou as delicadas mãos para trás, abrindo o zíper e o botão da calça azul.
O ambiente envolvia os dois. Ambos estavam em uma sintonia que poucas pessoas conseguiam entrar. Tudo que a garota esperava acontecia paulatinamente, do modo mais natural que poderia ser.
O próprio Felipe tirou a blusa e Anabelle tirou a calça. Agora ela trajava uma lingerie preta de renda e ele carregava em seu corpo uma cueca box de mesma cor. Ele voltou a beijar o corpo dela.
- Você tem um gosto bom – ele disse e ela sorriu. A boca dele percorreu a nuca, indo para as orelhas, descendo pela lateral direita do pescoço, preencheu o ombro e as mãos fizeram com que ela se deitasse de costas para cima.
Então, os lábios entraram em contato com as costas finas e a epiderme – de ambos - arrepiou-se. Ele sentou em cima dela e deu início a uma massagem relaxante. Abriu o sutiã e ela jogou-o longe. As mãos eram habilidosas, iam e vinham acompanhadas de algumas mordidas e outras coisas.
Desceu até a linha do quadril e livrou-se da calcinha bonita. Nesse momento, ela se levantou e virou para ele. Deu-lhe o beijo mais urgente e bom que conseguia. Ele correspondeu e ela, finalmente, afagou os tão desejados cabelos dele. Enterrou seus dedos nos cachos e puxou-os levemente.
Nenhum conseguiu se preocupar com nada. A presença do outro era suficiente e naquele contato, tocavam a alma. Tiravam um dos maiores conhecimentos que um ser humano podia ter do outro. A sintonia aumentava. O desejo. O gosto.
- Você tem o gosto tão bom quanto eu pensava que tivesse – Ana sussurrou ao pé do ouvido direito dele assim que tirou a cueca e começou a se encaixar nele.
Felipe não conseguiu dizer absolutamente nada. Só queria suprir o desejo por aquela mulher que não sabia de onde vinha. Precisava saciar e estava no caminho certo.
O quadril dela aumentava o ritmo na mesma proporção de seu querer. Com cuidado, ele deitou-a e dominou a situação, do jeito que ela gostava. Quando ele estava quase chegando ao seu clímax, dividiu o nome dela silabicamente bem baixinho para que só ela ouvisse.
Ana entendeu o recado. Ainda que não pensasse mais em nada, sorriu e conseguiu dizer em meio a gemidos:
- Meu nome não faz ‘’a ponta da língua descendo três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes’’. – citou parte do primeiro parágrafo do livro preferido dele.
- Porém, você tem a mesma sensualidade elegante – respondeu, também entre gemidos. Segundos depois, seu corpo descarregou a energia acumulada.
Puta merda, ela pensou. Não poderia imaginar que ele corresponderia às ilusões que sua mente criara. Mal sabia que era possível que suas utopias tivessem a possibilidade de vir para a realidade de um modo melhor que qualquer outro que tivera.
O dia amanheceu. Só se deram conta disso quando os raios solares fizeram um arco-íris pela janela. Não faziam a mínima ideia de quanto tempo passaram ali deitados, beijando, acariciando, admirando um ao outro. Simplesmente gostavam de ficar lá.
Felipe, particularmente, gostava dos beijos, O hálito quente e doce que adentrava sua boca que fora perdoada do gosto de cigarro. A língua de morango que entrava e saia nas proporções certas e brincavam com os lábios, a língua, os dentes dele. Mirou-a mais uma vez e sorriu, passando o dedão na bochecha direita.
- O que foi? – ela perguntou carinhosa, sorridente, ao apoiar seu queixo sobre suas mãos em cima do peito nu dele.
- Não sei. Só gosto de te admirar. – sorriu. Breve silêncio. – Porque ‘’o lugar da tua língua é na minha boca’’. - Ela sorriu, era o poema preferido dela. Como ele sabia? Ninguém sabe.






@annamoud