quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Deixar

- Não te mando para o inferno porque é longe daqui.
- Por favor, para com isso! - ele pedia, mesmo que ela não soubesse como que parar. Mesmo que ela entendesse a deixa para ir embora.
- Parar com o quê? - ela buscava algum resquício de resposta naqueles olhos castanhos e no sorriso-sem-motivo que ele dava.
Ao mesmo tempo em que Marcelo mandava Lídia embora - talvez de sua vida... Ou só dali mesmo - ele queria que ela ficasse. Todas as vezes em que ela conseguia virar-se de costas e caminhava rumo à porta, o rapaz a fazia ficar.
Demoraram quinze minutos para percorrer uns dois metros do meio da sala até a saída. Ele a puxava, beijava, sentia o corpo frio se tornando quente, mandando-a sair sem expulsá-la, porém fazendo com que ficasse ali, junto dele.
''Por que?'', Lídia tentava enxergar alguma desculpa plausível que a fizesse compreender a contrariedade que estava vivendo. Ele se importava com a idade, com o não-futuro que insistia dizer que não dava a ninguém e talvez com o próprio ego, com a vidinha boêmia que gostava de levar.
Pobre moça. Uma romântica incurável que atraia boêmios-sem-fturo. Achou melhor matar o pseudo sentimento que lhe aflorava, afastou-se e deixou a raiz falecer. Encontrou o que ''amava'' e deixou morrer. Deixou ficar, pois só se pode sair de onde entrou.












@annamoud