quarta-feira, 28 de março de 2018

Então vem cá

Então vem cá
Me olha nos olhos e diz que nada mais funciona
Me diz, sério
Que a sua pele não arrepia
Que seus olhos não fecham
Que a respiração não fica ofegante
Que o corpo não fica quente
Me olha nos olhos e diz
Que a boca não pede beijo
Que os braços não pedem abraços
Que a parede não pede o encaixe
Que as minhas pernas não pedem seu quadril
Vem cá
Chega bem perto
E esquece de tudo
Só mais uma vez
Se deixa sentir
Deixa seu corpo comandar
Esquece lá fora
E fica aqui
Só essa noite
Vem cá
Me olha nos olhos
E diz adeus
Mas, antes, me beija
Pra eu te fazer um cafuné
E você ir embora
De vez




Anna Laura Tavares

quinta-feira, 8 de março de 2018

Intensidade

Ela me devorava com aqueles olhos negros e pequenos, mas, que estavam tão fixos em mim que não dava vontade de desviar por um segundo daquele momento. Ao mesmo tempo em que me fitava, sorria com aquela boca tão gostosa e o riso fácil que preenchia o espaço.


A sala estava escura. A madrugada tão silenciosa que eu conseguia ouvir cada respiração dela. Fechei os olhos e abracei o corpo pequeno e magro com ânsia e cuidado porque era como se ele pudesse ser quebrado a qualquer instante.


Quando senti o frio de suas curvas se encaixarem com o meu calor, notei que ela também fechara os olhos e nos arrepiamos. Cada pelo de nosso corpo sentiu a energia que nos envolvia e nos impulsionou para o beijo. Ah, o beijo...


Era, ao mesmo tempo, doce e fogoso, delicado e cheio de desejo. Ela envolvia-me com os braços, as mãos que me percorriam sem pudor e a boca explorava-me como que para me deixar louco.


E conseguia.


Eu me sentia aquém daquele poder. Estava dominado por ela como nunca estivera antes. E estava gostando. Apertei sua cintura, impulsionando-a de modo que enroscasse suas belas pernas em meu quadril. Não parei de beijá-la um segundo sequer. Parecia tão errado não me entregar praquele desejo...


Andamos até o quarto, também escuro. Parei ao chegar no portal, encarei aqueles olhos fulmegantes e sorri. Ela sorriu de volta e desceu as pernas. Assim como desceu minhas calças e minha cueca. E não desgrudava dos meus olhos.


Foi preciso um instante de recuperação. Ela era intensa demais. Então, depois de despir-me de todas as formas possíveis, era a minha vez de descobrir cada milímetro de sua pele, diferenciar os gemidos baixos e tão meus, entender o ritmo do seu quadril e como ela conseguia ficar ainda mais linda quando empinava pra mim.


Por fim eu consegui entender o que acontecera ali. E foi mágico. Aquele corpo antes frio agora suava junto ao meu e a única coisa que me era permitida naquele instante consistia em sorrir. De felicidade. De agradecimento. De carinho. De aconchego. De dormir junto sem se preocupar com o avanço da hora.


Ao acordar, ela me levantou com um beijo. Parecia uma menina indefesa, porém, com resquícios da mulher que me devorou noite passada. A vida teve que seguir. E tomara que os nossos caminhos se cruzem de novo.





Anna Laura Tavares

domingo, 4 de março de 2018

Sentir

Você ainda vai sentir muito, menina
Sentir o que nunca sentiu antes
Sentir o bom e o ruim
E aprender que a vida é contínua
Mas
Nem tudo terá continuidade
Que, às vezes, as pessoas
Agirão como se nada tivesse acontecido
(Você sentirá o ruim. E vai doer)
E verá que isso passa

mais uma vez

Porque a vida continua
Cada dia será novo
Surpresa
Cabe a você aproveitar o bom
Aprender com o ruim
Descobrir cada sentir que lhe é oferecido
Descobrir-se
E
Então
Ficar em paz com a sua descoberta
Porque é você
E você é suficiente




Anna Laura Tavares