terça-feira, 19 de junho de 2012

Liberté

   De certo modo o coração dela encontrava-se acalentado pelo raiar do dia. Uma sexta-feira, ''Graças a Deus'', dia de, talvez, sair com uns amigos para comemroar a noite mais mal dormida de toda sua vida.
   Bem, não seria o sono que lhe tiraria o sorriso no rosto, o riso fácil que lhe dava uma sensação prazerosa semelhante ao orgasmo do último final de semana, e tudo isso se mesclava ao principal motivo de tanto bem estar: o alívio.
   Alívio este que desencadeava uma abrupta e abundante descarga de adrenalina e felicidade. Ela não precisava deleitar-se de nenhum doce ou cafeína para manter-se enérgica, só o fato de estar viva e principalmente sem ele, já era suficiente.
   Durante anos, via-se acorrentada a um sótão velho e empoeirado de dor, de angústia e traumas que vivia quando o típico galã do sorriso irradiante encontrava-se por perto, usando o pescoço sedutor, as curvas enlouquecedoras da cintura e o coração inocente da moça para o próprio prazer.
   Contuo, agora era passado, as amarras estavam desfeitas e empregnadas no túmulo onde ele estava enterrado, um local horrendo e pior que qualquer outro.
   Indiferença. Sim, o último local onde o moreno queria estar. E estava. E ela sentia o maior prazer em mantê-lo ali, do mesmo modo com que ele usufruia do corpinho enxuto da jovem.
   Ah! Como era bom ser livre. Ser e não simplesmente estar. A alegria que a tomava por inteiro e fizera-a passar a noite em claro, perduraria o resto de sua vida, pelo menos até encontrar um novo ''amor''.







@annamoud