segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sentir, apenas sentir

    -Acompanha-me? - disse clarice, estendendo a mão direita para que Marcos pudesse acompanhá-la pela casa vazia.
    - Claro! - disse ele entusiasmado, levantando-se do sofá.
    Ambos saíram de mãos dadas da sala no primeiro andar e subiram para o enorme quarto no segundo piso. Um quarto rústico, com móveis  antigos e resistentes, de uma madeira escura, disposta calculadamente pelas paredes ao redor da cama queen.
    - Como é lindo! - Marcos elogiava a nova casa, a casa que eles construíram para quando casarem.
    - É linda porque nós a construímos. Chocolate quente? - Clarice disse sem se importar muito. Marcos deu de ombros, sentou na cama e estendeu a mão para pegar a xícara branca.
    O casal estava apenas com peças íntimas de uma marca francesa qualquer. Após tomarem a bebida quase fervendo, olharam um para o outro como se nada mais importasse.
    Clarice apoia as costas na cabiceira de madeira desenhada, e dobra a perna esquerda para mexer nos babadinhos brancos da lingerie. Marcos não resistiu àquela coxa morena clara que lhe roçava a perna direita. Tocou-lhe a coxa da esposa e depois foi para os lacinhos do sutiã.
    Ele abriu o sutiã tão delicadamente que parecia tocar em nuvens de algodão. Ela, por sua vez, arranhou-lhe carinhosamente a pele branca que formava seu abdômem.
    - Você me ama ? - ela franziu o cenho quando soltou a pergunta para seu marido e logo em seguida acarinhou-lhe a coxa estupidamente clara.
    Marcos não respondeu, beijou a testa dela e colocou a mão sob o abdômem da mesma, subindo aos seios e voltando para a cintura. Ela parecia seu espelho, fazendo os mesmos movimentos, mas de uma maneira suave.
    - Você me ama? - ela repetiu a pergunta, um pouco incomodada com o silêncio dele. - Por que você não me responde?
    - Sim, eu te amo. - ele disse de um modo tão ríspido que a fez parar por um instante, ele nunca falara com ela  dessa forma.
    Os olhos da pequena enxeram-se de lágrimas. Foi quando ele a abraçou.
    - Às vezes perguntamos coisas ou pedimos para as pessoas dizerem coisas que não vale a pena dizer, e sim sentir, e o que eu sinto por você não é amor, é bem maior, ainda não inventaram um nome para isso.
    Clarice aconhegou-se mais nos braços dele, e chorou, não se conteve, chorou até soluçar. Agora ela havia sentido que ele amava, e ele não precisava dizer isso a ela, porque ele sentia.

sábado, 16 de abril de 2011

  
Quer mesmo saber uma verdade sobre mim? Eu me amo. Como? Eu sempre posto textos de sofrimento e como posso me amar? Se você perceber, esses textos são para um amor que sinto, um amor que me traz tristeza, mas você já parou para pensar que eu tenho meu próprio amor? Então, esse amor não morre não. Ou você acha que eu sorrio todas as vezes que ponho meu pé para fora pra nada? Claro que não, eu sorrio para mostrar que sou bela, apesar dos farelos que tem dentro de mim. Não sou convencida, apenas realista das leis da vida. Não existe aquela frase ”Se você não se amar quem irá amar?”, vai falar que essa frase é falsa? Tudo bem que você não precisa se amar para que alguém possa fazer isso por você, até porque, cada um com seus sentimentos, seus pensamentos, suas opiniões. Mas convenhamos, se nos amassemos em primeiro lugar, conseguiríamos sorrir, se arrumar, ter a auto-estima maior, e muitas pessoas, acredite, se apaixonam por sorrisos. E foi assim, com o tempo, aprendi a me valorizar, a me colocar qualidades, a esconder de mim meus defeitos, porque se todos os veem e me julgarão por ele pelo resto da vida, porque eu irei lembra-lo quando ninguém mais estiver por perto? Eu amo meu jeito estabanada, ciumenta, palhaça e brincalhona. Amo meu jeito um pouco feminina e um pouco moleca. Amo meu jeito irônica, ignorante, sarcástica, engraçada, atrapalhada. Amo meu corpo não muito cheio de curvas, amo meu cabelo não muito perfeito, amo meus olhos não muito brilhantes e amo meu sorriso não muito certo. Ei, eu já disse que me amo? Mariana Tarifa (Abstinência de Amor)




Li este texto em algum site por ai. Comecei a pensar então em quão, no mínimo, estúpida, burra ou idiota eu deveria ser por que, desde quando eu me importava tanto com alguém como eu me importei com ele  nesses últimos tempos? Sim, confesso que pensava nele por algum tempo, me distraía por diversas vezes conversando com ele, mesmo não sentido paixão, mesmo não sentindo amor, mesmo apenas sentindo a mesma atração que ele sentia por mim.

Nunca tive coragem de perguntar a ele o que ele realmente sentia, porque eu me amava demais para ser abalada pela resposta que eu já sabia. Então, o que posso dizer... Convivo com meu amor próprio, intocável, fria ( sim, sou fria, nos dois sentidos abordados aqui ) e absolutamente chata.

Talvez esse não seja o meu melhor texto. Talvez ele seja o mais sem lógica possível, mas eu precisava desabafar, mesmo que pra mim mesma. E também talvez o que diga realmente algo que valha a pena ser considerado seja essa citação a cima.

Mas não, não perguntei a ele o que ele sentía, assim como eu não me perguntei o que eu sentia por ele porque ambas as respostas, afirmo novamente que já sei quais são. Então, só o olho, só o sinto, só o beijo, porque não há nada mais revelador que um beijo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Fatalidades

   Charmosamente coloquei meus cabelos sobre o ombro esquerdo para que ele pudesse morder e beijar o pescoço livre da forma que mais me agradava: com ânsia, desejo, selvagemente carinhoso, arrepiando-me.
   De repente ele para. Estava quase chegando ao meu ponto fraco na nunca quando parou para mirar-me. Demorou-se em meus castanhos, fazendo com que minhas bochechas corem da maneira mais boba possível.
   Não pude conter-me com tamanha sedução de seus olhos claros, e beijei-lhe as têmporas, escorregando para as bochechas, fazendo uma linha por sobre o maxilar para então chegar aos seduzentes lábios. Suas mãos percorriam um caminho que ia dos ombros à cintura.
    Estranho como dessa vez tudo fluia e acontecia de uma forma natural, sem que ambos se preocupassem com "erros". Ambos estavam ali porque queria estar, gostavam da presença um do outro, mesmo que isto não fosse demonstrado.
   Resolvemos então continuar, digo continuar com o contato labial, sem muitas intimidades mais. Era-nos bom, favorável, continuar assim, uma vez que apesar de gostarmos um do outro, não éramos namorados.
   Permanecemos naquele momento tão nosso uma tarde inteira. Confesso que ele deixara leves lembranças comigo, lembranças boas, puras, belas. Não sei se para ele foi igual, o que eu duvidava muito que o fosse.
   Busquei me aprofundar em certos pensamentos com realção á ele, isso diminuia  de certa forma a saudade que eu sentia após semanas - extensas - sem vê-lo.
   Acho que acostumei-me a viver de lembranças e saudades. Se um contato direto da pele me era difícil pensar nele como ante, me era complicado demais saber o que se passava por dentro, longe dele.
   Foi neste momento que desvencilhei-me dele, qualquer contato podia ser fatal. Contudo a saudade e o desejo eram grandemente insuportáveis a nível de um novo encontro. Este foi fatalmente perfeito.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Traída


Com o tempo, passei a perceber que aqueles olhares bobos trocados com tanta ternura já não me satisfaziam mais. Eles começaram a ficar... Inúteis para mim.
            Mas apesar de inúteis e sem valores, eu sentia tanta falta deles. Eu sentia desconforto ao não possuí-los. Eu sentia que eles me eram extremamente vitais.
            Aqueles olhos eram simples, pequenos, escuros. Porém havia uma magia fascinante quando estes me olhavam. Era algo magnético, totalmente automático, ele mirava-me, eu mirava-o.
            De repente, sem ninguém esperar, eu via os braços dele ao redor de mim, como que para proteger-me. Contudo não eram somente para proteção, era para destruir algo que nos destruía: a saudade.
            Entretanto não parava ali. Logo em seguida, eu sentia os lábios dele em pescoço, fazendo sentir arrepios gostosos pelo corpo. Aí sim parava tudo. Foi a partir daí que eu comecei a sentir saudade.
            E ela só aumentava, aumentava, até que eu não conseguia mais viver só de recordações. Eu ansiava por que aquela lembrança se tornasse realidade. E quanto mais eu desejava, por mais que eu desejasse tudo isso, mais distante ela ficava.
            A rotina voltou ao normal. Pensar nisso tornou-se normal. O cotidiano começou a ficar chato e os sentimentos eram sempre os mesmos.
            Depois, eu fui destruindo, desligando-me ao máximo possível dele. O corpo já não tremia mais, as pernas não bambeavam, as mãos deixaram de suar, o coração... o coração...
            Fiquei orgulhosa de mim. Desprender-me dele não era fácil. Só encontrei uma, somente uma decepção ao longo dessa estrada: meu coração ainda acelerava ao vê-lo, mesmo que de longe, mesmo que só por ver mesmo.
            Com isso, o resto voltou a acontecer, e eu não consegui sair disso. Fui traída por meu próprio coração.

Sociedade?

   Atentar-se à um cotidiano sólido, constituido por carteiras enfileiradas e pessoas desatentas ao mundo, revirava minha mente anestésicamente incorporada à essa perigosa "sociedade".
   Eu não queria integrar-me  à uma rotina desesperadamente portadora de uma terrível insegurança sobre o ser, o estar, o tocar e o sentir. Provavelmente seria algo mais que isso.
   Uma necessidade importantíssima nutria meus desejos imaginários, proibidos ou não, de estar, tocar e sentir alguém, apesar de minha extrema repulsa à ação de tais feitos.
   Incrivelmente oposto a mim, ele era pertencente a um grupo praticante do prazer oriundo do supérfluo, talvez nem tão supérfluo assim, todavia o contexto dos "divertimentos" corporais aos quais ele se entregava era sim, totalmente inútil.
   Palavras ilusórias eram-me jorradas através daqueles lábios desenhados e projetados se não somente para mim. Construir uma imagem semelhante à deuses gregos não era difícil quando se mirava as estruturas corporais pertencentes à ele.
   Contudo, sua visão me era letal, tal qual um veneno de pequeno frasco, dito dos mais perigosos. Decidi então uma coisa: eu me entregaria à dopagem da sociedade estagnatária que eu frequentava. Esqueceria-me da sociedade prazerosa dele.
   O prazer não era necessário ao meu íntimo. Poderia até ser, mas eu não tinha necessidade de que fosse ele. Não, definitivamente não o era.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Overdose, é pura overdose

   Uma terrível depressão afligia-me a mente semi-aberta, semi-dopada com uma plena overdose de angústia intermitente. Era algo momentâneo, todavia este momento pareciainacabável, considerando o contexto de rapidez que eu precisava.
   Havia algo em mim que necessitava de apenas uma porta aberta, ou qualquer brexa pela qual pudesse passar. Não somente e simplesmente passar, era melhor que descarregassem  essa energia ruim, a preocupação do vir ou não.
    Era estranho pensar em duas pessoas que jamais poderiam encaixar-se em um mesmo plano. Era, no mínimo incabível, aceitar ou corresponder à carícias trocadas sem um básico de desejo.
    Muito pior era ansiar por aquilo, a tal ponto de minha overdose atacar novamente. Chega! Eu tinha que parar com toda aquela hierarquia de "não-sentimentos", mas que sentíamos algo quando nos era dada a condição certa.
    Parei. De repente parei. Repentinamente parei. Só parei com isso. Se ele veio? Não importa, eu não me preocupo em vê-lo para mim ali. Não o quero mais assim, de pronta entrega com prazo de validade tal qual um produto.
    Queria mais, muito mais. Queria mais liberdade, mais saudade, mais amor, mais confiança, menos medo. Pensando bem, eu o queria sim, se o meu tempo pra amanhã coube-lo, que seja. Que seja doce, que seja bom, que seja puro, mas que valha a pena.