quinta-feira, 14 de abril de 2011

Fatalidades

   Charmosamente coloquei meus cabelos sobre o ombro esquerdo para que ele pudesse morder e beijar o pescoço livre da forma que mais me agradava: com ânsia, desejo, selvagemente carinhoso, arrepiando-me.
   De repente ele para. Estava quase chegando ao meu ponto fraco na nunca quando parou para mirar-me. Demorou-se em meus castanhos, fazendo com que minhas bochechas corem da maneira mais boba possível.
   Não pude conter-me com tamanha sedução de seus olhos claros, e beijei-lhe as têmporas, escorregando para as bochechas, fazendo uma linha por sobre o maxilar para então chegar aos seduzentes lábios. Suas mãos percorriam um caminho que ia dos ombros à cintura.
    Estranho como dessa vez tudo fluia e acontecia de uma forma natural, sem que ambos se preocupassem com "erros". Ambos estavam ali porque queria estar, gostavam da presença um do outro, mesmo que isto não fosse demonstrado.
   Resolvemos então continuar, digo continuar com o contato labial, sem muitas intimidades mais. Era-nos bom, favorável, continuar assim, uma vez que apesar de gostarmos um do outro, não éramos namorados.
   Permanecemos naquele momento tão nosso uma tarde inteira. Confesso que ele deixara leves lembranças comigo, lembranças boas, puras, belas. Não sei se para ele foi igual, o que eu duvidava muito que o fosse.
   Busquei me aprofundar em certos pensamentos com realção á ele, isso diminuia  de certa forma a saudade que eu sentia após semanas - extensas - sem vê-lo.
   Acho que acostumei-me a viver de lembranças e saudades. Se um contato direto da pele me era difícil pensar nele como ante, me era complicado demais saber o que se passava por dentro, longe dele.
   Foi neste momento que desvencilhei-me dele, qualquer contato podia ser fatal. Contudo a saudade e o desejo eram grandemente insuportáveis a nível de um novo encontro. Este foi fatalmente perfeito.

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