quarta-feira, 23 de julho de 2014

Mudanças

A gente sempre acha que precisa permanecer no mesmo lugar, que está muito bem, obrigada, daquela mesma forma sempre. Que não precisa de mais nada. Chega um momento em que as respostas parecem aparecer claras e exatas, mas basta olhar mais a fundo para ver que não é bem assim, que de repente as perguntas foram mudadas e é aí que você precisa ir atrás de novas respostas.
E então ela se faz necessária: a mudança. É hora de voar mais um pouco.

Você olha ao redor e está tudo tão diferente.
Mudaram as cidades. Os portos. Um mais distante. Mudaram as experiências, as exigências. Mudaram as pessoas, os passos, os caminhos. Mudou a rotina, o espaço, o fôlego. Mudou. Tudo mudou.
Então chega a hora de começar, realmente, a crescer. Isso que você sempre pensa que já aconteceu com você. Aquilo que você não acha que precisa mais fazer. Mas ainda não aconteceu realmente. Você se da conta que sempre tem mais um pouquinho para crescer. Para amadurecer, enxergar, buscar, encontrar.
Então chega o momento, aquele exato momento que você sempre espera "ahhh! Eu quero tanto" e quando ele chega você ver que não queria assim com tanta gana. Nota que talvez precisa de mais tempo, que é necessário se ter mais experiência. Mas você sabe que esse sentimento é só insegurança, medo, receio de enfrentar o mundo. E sabe que precisa fazê-lo. É o momento certo. Chegou a hora.
Mudou o vento, o tempo, a luz. Mudaram as gargalhadas, os olhares, os pensamentos. Mudou a hora, o suspiro.
A saudade então, nem se fala.
Alguma coisa aconteceu, aquilo que antes era, não é mais. O peso vem, a angústia também. Lado a lado a vontade, o esforço, a curiosidade que exigem mais espaço e você deixa passar. Você sabe que é forte. Sabe que mudanças são necessárias e o principal: não são para sempre.
Você ergue a cabeça e segue. Porque tudo pode mudar, você pode alçar vôos incríveis, atravessar um milhão de horizontes, mas aquele porto, lá trás, aquele que você fez o primeiro embarque sempre vai estar te aguardando voltar. E você sabe disso.








Fernanda Farias

terça-feira, 8 de julho de 2014

Palavras.


Confesso para você. Faz muito não escrevo, não me deixo levar como fazia antigamente. Sem pudor, sem medo. Não que fosse por falta de vontade, talvez pela escassez de tempo ou por falta de palavras que realmente digam a respeito de mim e do que venho sentindo.
Nada relacionado a alguma pessoa específica. Nada com algum valor concreto. Apenas eu, voltando a ser um pouco do que eu não era há muito tempo.
Olhar para frente por muitas vezes parece obscuro demais. Vejo pessoas e almas. Sinto cheiros e gostos. Mas é quase como se não estivesse aqui, verdadeiramente. Falta uma parte de mim que não sei se está num passado e se ainda não foi encontrado misturado a todo o futuro que ainda tenho pela frente.
E é nessas dúvidas que venho levando meus dias e minha vida. Porque de uma forma ou de outra, mesmo querendo, ainda não sou capaz de mudá-la como desejaria. Por enquanto não sou capaz suficientemente de ser tudo o que desejo, pois eu sei que ainda que haja um desejo e força sobrenaturais dentro de mim, não é hora. Não estou preparada para me viver de verdade sem me assustar ou assustar aos outros.
Então, por hora, essas palavras podem ser suficientes. Os pontos finais e vírgulas podem ser um tipo de liberdade abstrata e as palavras podem me definir minimamente. Por esse momento, enquanto sentada a frente desta página virtual pouco a pouco preenchida, talvez eu consiga ser um pouco do que fui, do que sou e do que desejo ser. Pode ser que enquanto escrevo seja eliminada de minha visão essa nuvem negra que me cega e possa ver um pouco da vida que desejo ter, da maneira mais verdadeira e nítida que serei capaz de ver.
Como uma prova do paraíso que viverei no céu. Como a prova de que, assim como a vida é uma caminhada passageira por esta terra, esse sentimento também indefinido desaparecerá no momento em que a alegria dentro de mim se tornar inexplicável.
Pois, quem sabe, depois de escrito tudo isto desta forma tão confusa quanto libertadora, essas palavras já sejam mais do que aparentam ser. Para mim e principalmente para quem as lê.  

@geyselrr

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Inspiração

O vento está usando o teu perfume. Não sei o que é verdade, até que ponto, quanto. Também não faço a mínima ideia se isso é proposital ou se eu que te quero guardar bem. O fato é: tu estás em mim.
Seja pelos beijos, seja pelos toques, seja pelo que for, a tua olência penetra, dilacera, chega a todos os lugares e depois se esvai. A mesma brisa que te traz, leva-te sem pesar, parecendo deliciar-se com tua partida.
Na vida, é necessário saber lidar com a expiração. Você tem de inspirar e aproveitar tal momento, pois é ai que você se conhece, entende-se, apaixona-se por si mesmo. Quando inspiro, é isso que tu provocas. Ah! Mas, quando sais, rasgando fundo, eu não sei reagir, nem lembro como te colocar dentro novamente. E aí? Como eu fico?
Em verdade, não quedo. E tu aparentas não te importares, sai, dá as costas e me deixas assim. Falta pouco para que eu te apunhale por trás, tal qual fazes comigo. É justo, oras! Quando inspiras, não e o meu cheiro, provavelmente, que descobres.
Todavia, a verdade é que não consigo. Reparaste a quantidade de 'nãos'' utilizada aqui? É, em certos pontos, tu me bloqueias e eu, com mais um não, permito que seja desse jeito.
Desejo, todos os dias, que eu seja o perfume que o teu vento queira usar. Que eu não precise apunhalar tuas lindas costas e que eu possa ser tua inspiração em todos os sentidos. Tenho lutado por isso, eu acho. Agora, responda: é possível?









@annamoud