terça-feira, 8 de julho de 2014

Palavras.


Confesso para você. Faz muito não escrevo, não me deixo levar como fazia antigamente. Sem pudor, sem medo. Não que fosse por falta de vontade, talvez pela escassez de tempo ou por falta de palavras que realmente digam a respeito de mim e do que venho sentindo.
Nada relacionado a alguma pessoa específica. Nada com algum valor concreto. Apenas eu, voltando a ser um pouco do que eu não era há muito tempo.
Olhar para frente por muitas vezes parece obscuro demais. Vejo pessoas e almas. Sinto cheiros e gostos. Mas é quase como se não estivesse aqui, verdadeiramente. Falta uma parte de mim que não sei se está num passado e se ainda não foi encontrado misturado a todo o futuro que ainda tenho pela frente.
E é nessas dúvidas que venho levando meus dias e minha vida. Porque de uma forma ou de outra, mesmo querendo, ainda não sou capaz de mudá-la como desejaria. Por enquanto não sou capaz suficientemente de ser tudo o que desejo, pois eu sei que ainda que haja um desejo e força sobrenaturais dentro de mim, não é hora. Não estou preparada para me viver de verdade sem me assustar ou assustar aos outros.
Então, por hora, essas palavras podem ser suficientes. Os pontos finais e vírgulas podem ser um tipo de liberdade abstrata e as palavras podem me definir minimamente. Por esse momento, enquanto sentada a frente desta página virtual pouco a pouco preenchida, talvez eu consiga ser um pouco do que fui, do que sou e do que desejo ser. Pode ser que enquanto escrevo seja eliminada de minha visão essa nuvem negra que me cega e possa ver um pouco da vida que desejo ter, da maneira mais verdadeira e nítida que serei capaz de ver.
Como uma prova do paraíso que viverei no céu. Como a prova de que, assim como a vida é uma caminhada passageira por esta terra, esse sentimento também indefinido desaparecerá no momento em que a alegria dentro de mim se tornar inexplicável.
Pois, quem sabe, depois de escrito tudo isto desta forma tão confusa quanto libertadora, essas palavras já sejam mais do que aparentam ser. Para mim e principalmente para quem as lê.  

@geyselrr

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