terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Sobre saudade

Sobre saudade que mata a alma e maltrata. Que esmaga.
Sobre saudade há muito a se sentir e pouco a se falar. Ou infinitamente a se sentir e muito a se falar.
Saudade dói.
Saudade machuca.
Saudade maltrata.
Saudade é danada.
Ela aperta o peito, sufoca os pulmões, alfineta o coração e engasga na garganta.
Saudade faz a cabeça doer, peito arder, faltar o ar e os olhos chorar.
Saudade faz falar, faz drama, faz mundo mudar. O colorido enegrece. O sorriso esmorece. Os olhos ardem. A boca treme. A garganta soluça.
Saudade é falta.
Falta pedaço, falta abraço.
Falta beijo, falta cheiro.
Saudade é sensação de nada.
De vazio.
Saudade é intraduzível. E com exatidão, indizível.
Sobre saudade é horrível sentir e doído de falar. Horrível de falar, doído sentir.
Só cura com presença.
E com abraço.
Com enlaço.
Que cola os pedaços, que separam quando a danada aparece.



Fernanda Aracelly