segunda-feira, 9 de novembro de 2015

She's always gone too long

Bill Whiters afirma que não há pôr-do-sol quando ela se vai. E que ela sempre some por um longo tempo. E que ela vai embora a qualquer hora. Acho que ele tem razão. Muita, aliás.


É um ciclo. Ela chega mansa, conferindo brilho aos olhos, calor no coração, ar aos pulmões e fé no final feliz. Ora, é seu papel aconchegar e dar energia para que cada pé se eleve e se vá adiante.


Aí é o momento de glória: chega-se a o topo. A escala foi dura, em alguns instantes ela se foi e retornou - mais forte e maior. Volta como mola propulsora para o lugar de honra e em nenhum outro momento houve anta convicção de aconchego e bem-estar.


E agora? É isso? É SÓ isso? Não, meus caros, é claro que não! Jamais poderá ser apenas isso. Eu não disse que é um ciclo? Pois é, a partir de então, tem início uma nova montanha e uma nova escala, afinal, existem outros sonhos, outros desejos, outros topos a serem alcançados.



A vida em dessas cosias. Às vezes, o espaço enter uma montanha e outra é longo porque ela se foi por muito tempo. Pode ser que no meio do caminho ela se vá de repente, sem avisar, mas, ela vai voltar. É só querer.



Ah! Essa esperança...







@annamoud

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A vida é bem engraçada. João ama Maria, que ama José, que ama Francisca que ama... Veja bem, é um ciclo vicioso. Eu sei disso porque já amei quem amava outra pessoa e quando a gente quer muito alguém, acabamos nos enganando, e consequentemente, quebrando a cara. A gente tenta fazer com que aquela pessoa se molde em um lugar ao nosso lado, mas é como um quebra cabeças, se não forem as peças certas, simplesmente, não encaixam. A gente quer que aquela pessoa nos olhe diferente e entenda porque nos rouba o ar. A gente quer viver um sonho. Mas em um momento, o sonho vira pesadelo, que se torna a nossa realidade. Em um momento, a gente entende que amar alguém não depende somente de um coração, a gente descobre que amor vai além. Além de querer. A gente entende que não importa o quanto nos importemos, algumas pessoas não querem saber. Um momento da vida a gente descobre que amor não é uma via de mão única, que um coração não pode amar por dois.

Amor é doar sim, mas também é receber. Amor rola, não enrola. Amor é inteiro, não meias palavras. Amor não hesita. Amor que quer demais, é egoísmo. Amor que é dependente, é doença. Amor que é duvidoso, é medo. E amor que não é amor, não serve.
A gente tem que querer quem nos queira, quem transborde, quem nos dê mais respostas que perguntas. A gente tem que querer quem nos é suave, quem encaixe, quem nos dê mais sorrisos que lágrimas, quem nos faça pensar no futuro e esquecer o passado. A gente tem que querer quem não se envergonha da gente, quem quer nos mostrar pro mundo inteiro. A gente tem que querer quem cure nossas feridas, nos faça esquecer os traumas, e seja abrigo, refúgio e força.

A gente tem que querer quem nos faça entender porque nunca deu certo antes e quem seja o motivo de não existir ninguém depois.





segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Acessibilidade

Os ônibus não têm sido mais generosos. É cada vez mais raro ver sorrisos bobos, beijos apaixonados e conversas jogadas fora pelo simples prazer de trocar palavras enquanto na janela existem as paisagens para serem contempladas ao longo do percurso.



Aliás, parece que hoje, cada vez mais tem-se instalado uma cultura de que o outro é acessível a partir do momento em que existe um obstáculo impedidor do encontro face a face. Que pena!


Para ela, não era assim, a moça fazia deleites sempre que viajava e gostava de deixar um lugar vago ao seu lado para que, com sorte, pudesse encontrar um companheiro de viagem. Homem ou mulher. Criança ou adulto. O importante era conseguir estabelecer um vínculo, mesmo que por poucas horas.


Aí chega outra etapa que magoava o coração da pequena Bella: o pós-encontro-do-ônibus. Quem queria continuar dali? O problema nem sempre era ela,mas, a companhia. Incontáveis vezes vidas, histórias, conhecimentos e compartilhamentos foram guardados apenas na memória de alguém corajoso o suficiente para procurar aventuras.


Entretanto, vez ou outra, Bella (ou o destino) capturava outro corajoso. Quão prazeroso era olhar nos olhos, iniciar um diálogo ou apenas um "oi", mesmo e apesar da distância, depois de tantas viagens,tantos lugares, tantas pessoas e, ainda assim, recordar daquela aventura. Relembrar que pouco tempo pode ser prolongado.



Ah! Se pudessem abrir o coração dela... com certeza encontrariam um cantinho especial com essas histórias trancadas à chave de ouro. Cada uma olhada e cuidada com carinho. Com atenção. E com sede de renovar os laços e construir muitos outros mais.









@annamoud

domingo, 26 de julho de 2015

Onde está você agora?

Aqueles olhos. Tão grandes e azuis. Outrora cruzaram-se com os dela e agora vagam por aí sem que ela saiba o destino. Ainda se recorda do modo como eles repousavam a mirada sobre a janela e ela bem perto observando tudo.


Na verdade, a moça admirava. Conseguia captar a leve melancolia, talvez saudade com que ele se fixava fora daquela sala, contando os minutos para correr dali e conquistar o mundo.


Tenho certeza que conquistava. Ora, era impossível não sentir o magnetismo! Qualquer coisa que pairasse à frente do campo de visão era atraído pelo par de imensidão azul que ele comportava.


Certa vez, ela fora a coisa que adentrou o campo. Sentiu-se intensa, ruborizada e inegavelmente hipnotizada. Como se já não bastasse o olhar, ele abriu o sorriso e a gentileza para que pudesse passar pelo corredor.


Ela não queria. Ficar ali sendo magnetizada pelos poderes naturais era infinitamente melhor que qualquer coisa, entretanto, o tempo não colaborou.



A janela foi fechada. A porta foi trancada e ele passou. Ou eles passaram juntos. Ela perguntou o nome dele, porém, isso foi apenas para si mesma. Ele não ouviu.



Onde está você agora?












@annamoud

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Nunca um ponto final.

O grande problema dela era o seguinte: o orgulho era imenso, mas em contra partida, às vezes, o senso lhe faltava. Naquele momento, por exemplo, a falta de senso foi o que fez ela pegar o celular em cima da mesa, assim, mostrando-se bem despreocupada. Entretanto, por dentro o coração estava acelerado.
Para pessoas normais, aquilo era falta de vergonha na cara e muitas outras coisas maldosas. E realmente poderia até ser. Porém para ela existia uma explicação mais plausível e que uma única palavra explicaria: saudades.
Ela discou o número que, mesmo que em um acesso de raiva tivesse apagado, sabia decorado. Tocou uma, duas, três vezes. Na quarta, quando ela estava para desistir, a ligação fora atendida. Silêncio.

"Atrapalho?" Ela perguntou nervosa.
"Hm." O murmuro soou do outro lado da linha.
"Você está com alguém?"
"Sim." Curto e grosso como sempre.

Desligaram.
No mesmo silêncio que iniciaram a ligação.
No mesmo silêncio que finalizaram o último encontro.
No mesmo silêncio que para outras pessoas poderia ser incômodo, para eles era normal.
Normalidade. É... Algo que nunca existiu entre eles.
Ela não sabia porque fazia isso consigo mesma. Mesmo que não quisesse, era ele que lhe causava as mais variadas e gostosas sensações e... Droga! Porque tinha que ser assim? Ela sabia que precisava deixar toda àquela complicação de lado para se abrir à novas opções e novidades. Ela sabia que enquanto não o deixasse ir, não conseguiria ser livre, por estar tão presa a ele. Ela sabia de tudo. Sabia e não queria aceitar. Não queria por que era possessiva demais, e deixa-lo ir significava que uma parte dela também iria embora. Uma parte que ela não sabia se conseguiria viver sem.


Fernanda Aracelly

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Palavras da garota que você deixou ir.


Hoje você quer voltar há um passado que foi difícil deixar pra lá. Hoje falo com consciência de que tudo na vida passa. Há um processo doloroso entre perder e superar, é nesse meio em que tudo acontece. Hoje eu sei que todo o sofrimento que foi sentido, foi necessário, hoje eu tenho consciência de que isso me fez crescer, me fez mais forte e me fez um milhão de vezes melhor.
Mas ainda há o processo, o meio termo. E é difícil passar por ele.
É um momento escuro, sem vida ou qualquer outra coisa boa. É um período sufocante, agoniante e que, quando você está sentindo, pensa que não vai passar nunca. É uma ferida que dói, pra caramba, que sangra, que lateja e que te enlouquece.
Há algum tempo atrás eu jamais poderia dizer qualquer palavra a você, porque o simples fato de pensar em você, ativava alguma coisa dentro de mim e doía demais. Mas hoje eu já consigo... Eu consigo dizer, eu posso pensar e isso não dói como antes.
Eu queria que você soubesse que quando você me deixou ir, eu afundei num mar de amargura doloroso. Eu queria que você entendesse que me afogar me deixou sem ar e me levou a um estado latente que é impossível de imaginar. Sabe aquelas vezes que eu esperei sua mensagem, por que você disse que ia me mandar? E aquelas vezes em que eu aguardei você falar comigo e você ignorou? Ou posso te lembrar de quando eu pedi para você vir e você não veio, sabe? Então, você já estava me deixando ir. Quando eu pedi para que você permanecesse e você só quis passar. Quando eu quis que eu fosse seu mundo e não algo para brincar. Você estava me deixando ir. Eu queria que você entendesse que para deixar alguém ir embora, não é preciso dizer ou expulsar a pessoa da sua vida, se faz isso com atos, estes que você deve conhecer bem.

Eu te amei quando odiei, eu te amei quando só amei. Eu te amei, como louca. E sei que você descobriu isso antes mesmo que eu soubesse, mas você não fez nada para que eu mantivesse aqui dentro esse sentimento por você. Eu te amei com desespero. E sei que dava para sentir aí dentro de ti a intensidade que exalava de mim. Eu te amei com tudo o que eu tenha e esse tudo é pouco diante do mundo, mas o meu mundo era você e isso para mim, era gigante, era demais, era infinito. E eu tenho certeza de que para qualquer outro cara isso teria sido o suficiente, qualquer um, menos para você.
Eu te amei por mim e por você. E eu pude descobrir que um coração não pode amar por dois. Você sabe o que acontece quando alguém tenta? O único coração da equação sai quebrado.

Você quebrou o meu, sim, é clichê, eu sei, mas foi exatamente isso. Você o quebrou enquanto me deixava ir. Você o partiu quando brincou enquanto eu amava, você o dilacerou quando riu enquanto eu chorava. É duro de encarar quando ocorre, é difícil aceitar quando acontece. E você tem ideia de como é trabalhoso desmanchar um amor?

Não foi fácil perder você, porque eu me perdi por algum tempo também. Não foi fácil me deixar ir quando você já tinha feito isso e quando eu só queria ficar. Custou me obrigar a parar de pensar em você, foi complexo me segurar para não te ligar ou mandar uma mensagem. Complicado mesmo foi fingir que não doía. Você tem ideia do muro que tive que construir, para que ninguém chegasse ao interior? Para que ninguém visse o que havia realmente aqui dentro? É difícil sorrir quando você quer chorar. E foi difícil sorrir para fingir que estava tudo bem só porque você estava bem. Sabe aquela música? Aquela que a gente dizia que era nossa? Eu nunca podia ouvi-la, porque ela já não era mais nossa e nunca mais seria. Sabe aquela comédia romântica agua com açúcar que assistimos abraçados na sua cama no seu quarto e que eu chorei? E você riu, limpando minhas lágrimas, dizendo que era bobagem e que aquilo era ficção? Então, eu chorei como um bebê quando assisti sozinha, na minha cama, no meu quarto, não pelo filme, eu chorei porque a ficção realmente era bobagem, e a minha realidade estava magoando.
Todos os lugares, a pracinha, aquela rua em que nos víamos... Eu desviava o caminho, para não ter que chorar pateticamente no meio da rua. E eu senti falta, de cada mínimo detalhe. Daqueles dias infernais em que você enfrentava o trânsito apenas para me ver, daqueles sábados em que você aparecia de surpresa com um sorriso que me desarmava, daquelas ligações longas e sussurradas no meio da madrugada, daquelas mensagens trocadas durante todo o momento. Senti falta daqueles olhares que apenas você e eu éramos capazes de trocar, porque eles falavam mil coisas. Senti falta até de quando eu aprendi que esperar pode ser bom, porque eu sempre tinha você no fim das contas. Eu senti falta das brigas bobas, das reconciliações calorosas, dos abraços doloridos de despedidas, dos beijos longos de boas vindas, das piadas que só a gente entendia, de fingir que o mundo não existia, de fugir da realidade para entrar no paralelo com você.

E então você me deixou ir.

Foi difícil superar. Deu pra entender né?
Eu queria que você soubesse disso. Pelo menos um pouco do quanto doeu, de como foi confuso ter que sair da sua vida, por que você já não queria mais fazer parte da minha.
Eu queria que você soubesse que já da para ouvir aquela música sem lembrar tanto que era nossa, que o filme já até perdeu a graça e que os lugares, mesmo que pareçam ter seu cheiro, agora são apenas lugares.
E seria hipocrisia minha te dizer que eu não sinto mais sua falta e nem de tudo o que um dia fomos. Eu sinto sim. E ainda dói sim. Mas é aquela dorzinha fina, pouca, lá no fundo sabe? Aquela que não é necessário parar de respirar e nem é impossível viver. Eu sinto sua falta, e eu também não posso acreditar nisso. Mas é diferente. Eu também segui a minha vida, eu realmente consegui desmanchar aquele amor, eu não preciso disfarçar sorrisos, mesmo que eu saiba que sempre haverá um pedaço de você em mim, mas eu sei que acabou. E não por que eu realmente quis, mas você me deixou ir. Você não pode querer voltar... Você me perdeu.

Eu só queria que você soubesse.


Fernanda Farias

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Muralhas

Durante um certo tempo de sua história, chineses dedicaram- se à construção de uma das sete maravilhas do mundo: sua famosa Muralha. No passado, ela serviu para impedir que pessoas de outros povos pudessem adentrar a nação.


Na humanidade, desde que o mundo é mundo (talvez), muita gente se vale desse artifício em torno do coração a fim de se machucarem o menos possível. Não se dedicaram para isso, a própria vida se encarregou de colocar tijolo por tijolo. A questão é que o objetivo é sempre o mesmo, segurança.


É uma medida eficaz, de fato. Quebrar tal monumento é tarefa árdua, apenas aqueles extremamente competentes o fazem. De vez em quando se consegue construir uma ponte por cima do grande muro, mas, logo é desfeita devido à fragilidade do material.


Em certos momentos, esse controle pode ser inútil. Quantas amizades se perdem porque está trancafiado? Quantos amores são perdidos porque o muro está tão alto que não há possibilidade de ver o outro lado?


No caso chinês, durante a construção, cerca de 80% das pessoas morriam. Quando estão construindo e mantendo a sua própria, muitos se esvaem também, ainda que somente para quem a ergueu. Matar o amor, seja ele qual for, deveria ser crime.


Perceba que ter proteção e segurança é bom, todavia é melhor construir muros no lugar de muralhas. Perceba que é importante deixar uma porta em algum lugar para que alguém consiga chegar e você possa ir de encontro.


Perceba que quando os muchus expandiram o território chinês na direção norte, a muralha perdeu o sentido, passou a ser ponto turístico.


A partir do momento em que você se permite se invadido por pessoas que valem a pena, a amurada perde o valor e se torna algo bonito para visitas. Mostra a história e o valor do que está lá dentro.


Você já abriu sua porta hoje?







@annamoud

domingo, 18 de janeiro de 2015

Saudade


Entre. E, por favor, repare a bagunça. Peço que se atente para cada gaveta aberta, roupa pelo chão e objeto fora do lugar. Insisto neste feito porque você tem boa parcela de culpa nessa história e agora deve entender o que fez.

Era um espaço perfeito. Impecavelmente calculado e de repente, puft, tudo fica assim. Eu não tinha noção de quem ou o que você era. Muito menos do que se tornaria depois e, na verdade, não foi a sua saída que me deixou assim, foi a sua chegada.

Injustiça, oras. Claro que é. Do nada, adentra dessa forma e confere desordem. Entretanto, maior iniquidade se dá em um fato: apesar de você, amanhã há de ser outro dia com Chico Buarque e eu consigo sorrir e ser feliz.

O mais curioso é o motivo da felicidade ser justamente você, saudade. Isto mesmo, a sua pessoa chega, aperta o peito, dilacera, e, junto a tudo isso, traz as memórias boas, os sentimentos bons e toda a esperança de que, um dia, voltará a ser realidade.

Só quero lhe agradecer. Você chegou, bagunçou tudo e ainda assim, conseguiu a façanha de trazer sorrisos. Obrigada, muito obrigada. Até a próxima.








@annamoud