Ela estava farta de ver a ingenuidade sincera de uma
criança; a felicidade de um adolescente ao ir ao show de sua banda favorita; o
amor brilhando no cristal dos olhos de pessoas desconhecidas; da cumplicidade
de uma troca de olhares entre um casal de idosos que se amam. Ela estava farta
de ver um pouco de tudo aquilo que ela queria, mas não tinha.
Era jovem, era verdade; mas ultimamente as coisas e as
pessoas, para ela, não tinham o mesmo encanto.
Será que algum dia voltaria a sentir, pelo menos por um
milésimo de segundo todos aqueles sentimentos bons da infância, que sua adolescência
havia lhe roubado? Será que um dia conseguiria ir ao show da sua banda
preferida e sentiria toda aquela energia tomando conta dela? Será que algum dia
encontraria aquele amor que, de tão grande, explodisse brilhando em seus olhos?
Será que algum dia, no fim da sua vida, teria aquele mesmo homem, que um dia
lhe roubara seu coração, ao seu lado?
Seus dias e seus gestos eram sempre os mesmos, sem nada que
acontecesse e que a fizesse dizer “Uau!” e esboçar um sorriso peculiarmente
sincero, dando-lhe um pouco de alegria, algo que faltava dentro do coração
vazio e gélido, pela ausência de um pouco de calor, de amor.
Queria sentir tudo e não saber descrever nada; queria poder
fazer aqueles tipos de coisas que todos acham idiotas, mas que feitas a dois,
sempre é uma das coisas que permanecem mais vividamente em nossa memória;
queria passar noites pensando; queria até mesmo chorar, já que sabe que não
existem amores sem lágrimas; queria abraços apertados; beijos demorados; Queria
sentir que a vida era aquilo que sentia, e não o que via, nem aquilo que
imaginava; queria perceber que a vida era melhor, maior e principalmente, além
de tudo aquilo que ela um dia queria.
@Geysedmes
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