segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Acessibilidade

Os ônibus não têm sido mais generosos. É cada vez mais raro ver sorrisos bobos, beijos apaixonados e conversas jogadas fora pelo simples prazer de trocar palavras enquanto na janela existem as paisagens para serem contempladas ao longo do percurso.



Aliás, parece que hoje, cada vez mais tem-se instalado uma cultura de que o outro é acessível a partir do momento em que existe um obstáculo impedidor do encontro face a face. Que pena!


Para ela, não era assim, a moça fazia deleites sempre que viajava e gostava de deixar um lugar vago ao seu lado para que, com sorte, pudesse encontrar um companheiro de viagem. Homem ou mulher. Criança ou adulto. O importante era conseguir estabelecer um vínculo, mesmo que por poucas horas.


Aí chega outra etapa que magoava o coração da pequena Bella: o pós-encontro-do-ônibus. Quem queria continuar dali? O problema nem sempre era ela,mas, a companhia. Incontáveis vezes vidas, histórias, conhecimentos e compartilhamentos foram guardados apenas na memória de alguém corajoso o suficiente para procurar aventuras.


Entretanto, vez ou outra, Bella (ou o destino) capturava outro corajoso. Quão prazeroso era olhar nos olhos, iniciar um diálogo ou apenas um "oi", mesmo e apesar da distância, depois de tantas viagens,tantos lugares, tantas pessoas e, ainda assim, recordar daquela aventura. Relembrar que pouco tempo pode ser prolongado.



Ah! Se pudessem abrir o coração dela... com certeza encontrariam um cantinho especial com essas histórias trancadas à chave de ouro. Cada uma olhada e cuidada com carinho. Com atenção. E com sede de renovar os laços e construir muitos outros mais.









@annamoud