segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Obscuridad.


O sol já dava ao céu um tom alaranjado, quando ele sentiu a presença dela ao seu lado. O perfume inconfundível; o respirar calmo e delicado; ele não precisava ver, bastava sentir e ele sabia: Ela estava ali.

- E então? – Ele disse em um sorriso.
- Maravilhoso. – Ela mirava o céu, enquanto também sorria. – O laranja e o amarelo nunca pareceram combinar tanto!
- Você acha que o sol vai demorar a ir embora?
- Creio que não. – Ela o olhou rapidamente, logo voltando a mirar o céu. – Mas então... Diga-me: Como se sente hoje?
- Estou bem. – Ele sorria. Um sorriso tão bonito que até era capaz de fazer com que qualquer pessoa que o mirasse, esquecesse da escuridão que o invadia e que, mesmo assim, não lhe  era capaz de impedir que fosse feliz. – O pesar é que o dia me pareceu passar tão lentamente... Eu contei as horas pra que você voltasse!
- Nem tanto quanto eu esperei para estar aqui. – Ela sorriu sincera. Mas, por um instante lamentou. Ele não poderia ver o sorriso que ela o regalava. Mas mal sabia ela, que apesar de tudo, ele podia sentir; o tom de voz delicado dela, a forma na qual ela respirava... Era obvio pra ele que ela sorria!

Ela ainda dedicou a ele minutos de uma agradável conversa; quando, em um suspiro, ela anunciou sua partida.
E mais uma vez, ele sabia, um pedaço de seu coação iria com ela; apenas para ter a garantia de que ela voltaria!

- Você volta amanhã? – Havia uma expectativa casual nos olhos brilhantes dele.
- Claro! Espere por mim. - Ela disse enquanto, delicada, regalou-o um beijo demorado na face, que imediatamente sorriu.
- Eu esperarei. Ansiosamente. – Ele fez questão de frisar aquilo, mesmo sabendo que ela sabia daquilo.

Sem demora o corpo pequeno se levantou, deixando vago o lugar ao qual a pertencia; Ocupando o vácuo, o vento frio, para ele, a partir daquele momento, lhe seria a única companhia.
Depois de alguns minutos ali, apenas sentado, o vento frio lhe tocou a pele branca e delicada, remetendo a noite que chegava mansamente.  Aquele momento, quando a escuridão dos olhos dele se misturava a escuridão da noite, para muitos poderia parecer sinônimo de desespero, mas para ele não era! Oh, enganado quem aquilo pudesse pensar!
No outro dia, ela estaria ali; A voz doce e delicada dela se fazendo os olhos dele em meio ao por-do-sol, em um busca constante de salvação de toda aquela escuridão... E mesmo que lhe fosse doloroso toda aquela ansiedade, a certeza de que ela voltaria no dia seguinte seria o suficiente para não deixá-lo se abalar.

@geysedmes

PS: Texto baseado na música Siempre es de noche de Alejandro Sanz.

Um comentário:

  1. Geise, já estava com saudades dos seus textos, ficou lindo, parabéns, em um futuro bem próximo você será uma excelente escritora. Vou comprar todos os seus livros. Beijos , até mais.

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