sexta-feira, 1 de abril de 2016

Com amor, Camila.


Paulo acreditava que não poderia existir na face da Terra um sorriso que iluminasse mais do que o dela. Era instantâneo, ela sorria e o mundo inteiro se acendia, ficava mais feliz. Era arrebatador o efeito que o mais simples dos olhares dela lhe causava.

Chegara de surpresa na vida dele, a expressão “caiu de paraquedas no meu caminho”, nunca fizera tanto sentido para Paulo como quando ela caiu em sua frente numa tarde invernosa de quinta-feira, tempos atrás. Ela sorriu e o seu mundo mudou de cor, ficou mais intenso, mais feliz e mais puro, uma coisa que nem ele mesmo sabia que podia acontecer.
Era o tipo de garota que o fazia voar, ir longe. Que lhe deu brilho nos olhos, mais calor e o fez crer em finais felizes. O fez escalar a mais alta das montanhas, para chegar ao topo e encontrar plenitude. Fez o seu mundo se sacudir, virar de cabeça para baixo e dar loopings como as mais radicais montanhas russas.

E ele nunca fora tão feliz.

Estava ali, com os cabelos bagunçados e o rosto amassado, devido ao fato de que acabara de acordar. Ela já havia saído, mas era com um sorriso bobo que lia o singelo bilhete que ela lhe deixara, escrito com a letra bonita e bem desenhada. Como ele achava que era tudo nela.

E ela sempre o surpreendia. Afinal, quem em tempos de internet e mensagens instantâneas, ainda escrevia bilhetes, cartas? Mas ela? Ela era diferente e ele sabia da sorte que tinha por tê-la.

“Meu Paulo,

Eu não sei falar tudo muito bem, porque na realidade, falar não é meu forte. Mas acredite que a sensação é de que o sol não nasce se você não está comigo. Você tem os meus melhores sorrisos e cada batida do meu coração. Obrigada por nunca ter tentado destruir meus muros, porque você fez melhor, construiu pontes dentro de mim.
E sabendo disso, tenha um bom dia.
Mais tarde nos vemos.

Beijos, beijos,
Com amor, Camila."


Como se fosse possível ser mais feliz, ele soltou o bilhete e fechou os olhos, visualizando o sorriso que lhe fazia sorrir. Se ela soubesse que encontrou o caminho dentro do labirinto que ele era... Se ela soubesse que encontrou a saída da bagunça que ele fazia... Ela parecia não entender muito bem a imensidão de tudo isso, e mesmo assim, ainda estava lá, ainda fazia. Foi ela que encontrou naquele caminho de pedra as batidas que ele considerava que estavam perdidas. E como não dizê-la nada além de:

"Você tem meu coração.

Com mais amor, Paulo."




Fernanda Aracelly

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