quarta-feira, 8 de junho de 2011

Perdas, valiosas

   Suas palavras já não eram mais as mesmas, seus olhares, também não. Antes, olhavam-na de igual para igual, não com amor ou paixão, mas com respeito. Agora era apenas um homem sedento de prazer, revelando-se um verdadeiro cafajeste.
   Ela não gostava disso, do que ele havia se tornado, seu interior pedia pelo velho, pelo antigo interior masculino carinhoso, de certa forma levemente romântico que possuia.
   - O que foi? Está calada, seca, me tratando mal...Fiz algo? - não se importava de verdade, só sabia que se ela não estivesse bem, não transaria com ele.
   - Fez - respondeu o mais seca e grosseira que pode. Não o mirava, focava-se no horizonte, na bela paisagem emoldurada pela janela do quarto dos fundos.
   - O quê? - o indivíduo fez uma expressão triste, porém não estava, fingia bem.
   - Mudou - falava o menos possível - Ou pelo menos mostrou quem é de verdade.
   - Não entendi - ela sabia deixá-lo confuso.
   - Antes você era "bom", mais calmo, menos sedento de sexo, menos...
   - Menos...?
   - Menos cafajeste - soltou, aliviou-se.
   - Então sou cafajeste? - ele riu, indignado e nervoso.
   - Sim, você só quer fazer isso comigo para que sempre que quiser, eu "lhe sirva". Desculpe, não serei sua garota de programa perticular e gratuita - os olhos da mulher encheram-se de lágrimas, entretanto reteu-as, não se daria ao luxo.
   - Jamais faria isso com você...
   - Já está fazendo - ela o interrompeu. Estava embravecida.
   - Não estou e nem vou fazer. Te adoro muito, não machuco nem magoo as pessoas que gosto - a pequena esforçava-se para acreditar, impossível.
   - Conclui-se então que não gostas de mim - virou-se e foi embora, se ficasse ali, não sabia o que ele poderia fazer com ela e só machucaria física e mentalmente.
   - Volta! - gritou ao vê-la longe. Não obteve sucesso. Não voltou a fazer isso com mais ninguém. Precisou perdê-la para saber a preciosidade dela em sua vida.

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