sábado, 21 de maio de 2011

Para sempre

   -Sabe quando você olha para alguém e simplesmente não reconhece essa pessoa? Acho que estou me sentindo assim. - eu disse com um pesar na voz.
   - Por que? - ele me pergunta. Não estava realmente preocupado comigo, era mais por "obrigação", por conversar com alguém que puxou conversa.
   Eu realmente precisava falar, mas achei melhor guardar para mim mesma. E arrependi-me de tê-lo feito. Talvez as coisas estivessem melhor agora se eu tivesse falado tudo.
   - Por nada, acho que é uma sensação mesmo, nada importante. - disse, e saí, por um tempo.
   - Tem certeza? Você parece triste. - ele disse quando voltei. Agora ele aparentava preocupar-se ligeiramente, mas eu nunca acreditei realmente nele e creio que nunca mais saberei a verdadeira resposta.
   - Hum, tenho sim. - e sentei ao seu lado. "Puxa, ele realmente não entende que é ele quem eu não reconheço mais" , pensava eu. Peguei em sua mão, e briquei com ela por um tempo, ele não "respondeu" a brincadeira.
   Ele olhou para mim por uns minutos, e saiu sem dizer nada. Passou-se um tempo, na verdade foram uns meses. Foi um tempo sofrido para mim: ele havia realmente mudado comigo, eu não sabia o por quê e não conseguiria descobrir.
   Um dia, resolvi conversar com um velho amigo. ''Será que ele ainda estava mudado?", pensei.
   - Oi. - disse, timidamente.
   -Oi. - ele respondeu, tampouco importando-se como eu estava. Sim, ele ainda estava mudado.
   - Tudo bem? - eu sabia que a conversa não passaria dali.
   - Sim, e você, tudo bem? - ele foi...simpático.
   - Não. - se ele perguntasse o motivo, ele seria o meu amigo de antes. Eis que surge uma leve esperança dentro de mim quando vi que ele iria falar.
   - Hum. - Uau! Ele estava muito mudado.
   - Posso lhe fazer uma pergunta, e você garante uma resposta sincera? - perguntei meio sem querer, não queria voltar naquele assunto.
   - Claro... - como eu odiava quando ele estava daquele jeito.
   - Lembra da nossa última conversa, onde eu disse que achava quem um amigo meu havia mudado?
   - Sim, por quê?
   - Era você. - eu sempre corava em momentos indevidos.
   - Eu? Como assim eu mudei? Por que não me disse nada? - agora ele despertara um interesse pelo assunto.
   - Não valia a pena, eu naõ descobriria as razões de sua mudança.
   - Como eu estava mudado?
   - Não falava mais comigo, e devolveu a pulseira que você dizia que lembrava de mim por causa dela. - olhei para baixo.
   - Hum. Era perigoso para nós. - ele fala de uma forma tão grosseira, que me deu medo.
   - Não, você achava que era perigoso para você, se realmente gostasse de mim, enfrentaria.
   - Seria ridículo te iludir. A gente não machuca os amigos.
   - Já me iludiu antes, você sabe que seria fácil iludir agora. Mas enfim, o que importa agora? Não tenho suas verdadeiras respostas para o que preciso, então...
   - Então o quê? Não acha que falo a verdade?
   - Não, realmente não acho, não acredito em você. - virei as costas, e fui saindo, sabendo que agora estava acabado, amizade, tudo.
   Entretanto, algo surpreendeu-me verdadeiramente. Ao abrir a porta da sala, sinto uma mão em braço, aplicando força tamanha que impedia-me de ir embora. Olho para trás, era ele, apenas um pouco assustado, ele não pensava que eu fosse embora.
   - Fica. Não quero que vá embora. - ao pronunciar-se, estava quase chorando. "Um teatro bem elaborado'' pensei.
   - Para quê? Para você mentir mais, me iludir mais, me machucar mais? - esquivei-me de suas mãos, não obtive sucesso.
   - Não, para eu dizer que preciso de você aqui comigo, para sempre.
   - Como?
   - Quer ser minha amiga, para sempre desta vez?
   Foi então que percebi que o nosso amor era verdadeiro, uma verdadeira amizade da qual eu precisava. E precisei. E quando precisei, desta vez, ele estava lá.
  

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