-Sabe quando você olha para alguém e simplesmente não reconhece essa pessoa? Acho que estou me sentindo assim. - eu disse com um pesar na voz.
- Por que? - ele me pergunta. Não estava realmente preocupado comigo, era mais por "obrigação", por conversar com alguém que puxou conversa.
Eu realmente precisava falar, mas achei melhor guardar para mim mesma. E arrependi-me de tê-lo feito. Talvez as coisas estivessem melhor agora se eu tivesse falado tudo.
- Por nada, acho que é uma sensação mesmo, nada importante. - disse, e saí, por um tempo.
- Tem certeza? Você parece triste. - ele disse quando voltei. Agora ele aparentava preocupar-se ligeiramente, mas eu nunca acreditei realmente nele e creio que nunca mais saberei a verdadeira resposta.
- Hum, tenho sim. - e sentei ao seu lado. "Puxa, ele realmente não entende que é ele quem eu não reconheço mais" , pensava eu. Peguei em sua mão, e briquei com ela por um tempo, ele não "respondeu" a brincadeira.
Ele olhou para mim por uns minutos, e saiu sem dizer nada. Passou-se um tempo, na verdade foram uns meses. Foi um tempo sofrido para mim: ele havia realmente mudado comigo, eu não sabia o por quê e não conseguiria descobrir.
Um dia, resolvi conversar com um velho amigo. ''Será que ele ainda estava mudado?", pensei.
- Oi. - disse, timidamente.
-Oi. - ele respondeu, tampouco importando-se como eu estava. Sim, ele ainda estava mudado.
- Tudo bem? - eu sabia que a conversa não passaria dali.
- Sim, e você, tudo bem? - ele foi...simpático.
- Não. - se ele perguntasse o motivo, ele seria o meu amigo de antes. Eis que surge uma leve esperança dentro de mim quando vi que ele iria falar.
- Hum. - Uau! Ele estava muito mudado.
- Posso lhe fazer uma pergunta, e você garante uma resposta sincera? - perguntei meio sem querer, não queria voltar naquele assunto.
- Claro... - como eu odiava quando ele estava daquele jeito.
- Lembra da nossa última conversa, onde eu disse que achava quem um amigo meu havia mudado?
- Sim, por quê?
- Era você. - eu sempre corava em momentos indevidos.
- Eu? Como assim eu mudei? Por que não me disse nada? - agora ele despertara um interesse pelo assunto.
- Não valia a pena, eu naõ descobriria as razões de sua mudança.
- Como eu estava mudado?
- Não falava mais comigo, e devolveu a pulseira que você dizia que lembrava de mim por causa dela. - olhei para baixo.
- Hum. Era perigoso para nós. - ele fala de uma forma tão grosseira, que me deu medo.
- Não, você achava que era perigoso para você, se realmente gostasse de mim, enfrentaria.
- Seria ridículo te iludir. A gente não machuca os amigos.
- Já me iludiu antes, você sabe que seria fácil iludir agora. Mas enfim, o que importa agora? Não tenho suas verdadeiras respostas para o que preciso, então...
- Então o quê? Não acha que falo a verdade?
- Não, realmente não acho, não acredito em você. - virei as costas, e fui saindo, sabendo que agora estava acabado, amizade, tudo.
Entretanto, algo surpreendeu-me verdadeiramente. Ao abrir a porta da sala, sinto uma mão em braço, aplicando força tamanha que impedia-me de ir embora. Olho para trás, era ele, apenas um pouco assustado, ele não pensava que eu fosse embora.
- Fica. Não quero que vá embora. - ao pronunciar-se, estava quase chorando. "Um teatro bem elaborado'' pensei.
- Para quê? Para você mentir mais, me iludir mais, me machucar mais? - esquivei-me de suas mãos, não obtive sucesso.
- Não, para eu dizer que preciso de você aqui comigo, para sempre.
- Como?
- Quer ser minha amiga, para sempre desta vez?
Foi então que percebi que o nosso amor era verdadeiro, uma verdadeira amizade da qual eu precisava. E precisei. E quando precisei, desta vez, ele estava lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário