terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Loucura.


Há muito tempo ela não sentia o dia tão frio; o céu nublado denunciava a chuva que logo viria, impiedosamente.
Mas ela não se importava. Na verdade, talvez sentir o frio até lhe ajudasse. Precisava manter sua atenção em outra coisa que não fosse a dor em seu coração. E seus pelos ouriçados pela baixa temperatura chegava a ser dolorido. E sentir algum tipo de dor verdadeiramente física era ideal.
Nem sequer percebeu que alguém havia sentado ao seu lado. Apenas se deu conta da presença masculina quando viu uma mão a segurar um lenço frente ao centro de seu campo de visão.
Virou-se um pouco e levou os olhos ao homem moreno de olhos extremamente azuis. Ele balançou a mão outra vez, mostrando o lenço e ela, sem vazão, pegou o pedaço de tecido extremamente branco, levando até os olhos e limpando as muitas lágrimas.

— Obrigada. — Ela sorriu de lado, devolvendo-o o lenço. Ele devolveu um meio sorriso, negando em seguida.
— Fique com ele.
— Não, não precisa. Obrigada!
— Não, eu insisto. Acho que, infelizmente, você precisa mais do que eu.
— Hm... De qualquer forma, obrigada, então.

O silêncio pairou sobre os dois.
Mas, no entanto, não parecia incômodo. Trazia alivio pra ela, de alguma forma. Era como se a presença dele ali significasse algum tipo estranho de sentimento bom.
Despertou de seus pensamentos, porém, quando sentiu pingos frios em seus braços. Chuva.

— Talvez pareça uma boa opção ficar aqui, mas pode pegar um resfriado, não acha?

Ela o olhou uma vez mais, tentando entender tudo aquilo.
Ele era um estranho. Mas se preocupava com ela como poucos.
Tão irônico.

— Conheço um lugar onde vendem o melhor café da cidade. É bem pertinho. Que tal irmos até lá, beber um bom café e conversar? Apenas conversar e relaxar. Nada de lágrimas. — Ele se levantou, estendendo uma das mãos pra ela. — Então, o que me diz?

Ela o olhou nos olhos, examinando-o por um segundo antes de tocar a mão dele com a sua, sentindo-o impulsioná-la a ficar de pé.
Ele sorriu, dando os primeiros passos e se afastando calmamente da pequena praça.
E mesmo que aquilo fosse loucura, na maioria das vezes, perdemos muitas oportunidades simplesmente por que não nos permitimos cometê-las. Loucuras que podem mudar a nossa vida no momento em que mais precisamos e menos esperamos.
Loucuras ou escolhas, não importavam o que fossem. O que é certo é que dependem unicamente de nós.  

@Geysedmes

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