Há muito tempo ela não sentia o dia
tão frio; o céu nublado denunciava a chuva que logo viria, impiedosamente.
Mas ela não se importava. Na verdade,
talvez sentir o frio até lhe ajudasse. Precisava manter sua atenção em outra
coisa que não fosse a dor em seu coração. E seus pelos ouriçados pela baixa
temperatura chegava a ser dolorido. E sentir algum tipo de dor verdadeiramente
física era ideal.
Nem sequer percebeu que alguém havia
sentado ao seu lado. Apenas se deu conta da presença masculina quando viu uma
mão a segurar um lenço frente ao centro de seu campo de visão.
Virou-se um pouco e levou os olhos ao
homem moreno de olhos extremamente azuis. Ele balançou a mão outra vez, mostrando
o lenço e ela, sem vazão, pegou o pedaço de tecido extremamente branco, levando
até os olhos e limpando as muitas lágrimas.
— Obrigada. — Ela sorriu de lado,
devolvendo-o o lenço. Ele devolveu um meio sorriso, negando em seguida.
— Fique com ele.
— Não, não precisa. Obrigada!
— Não, eu insisto. Acho que,
infelizmente, você precisa mais do que eu.
— Hm... De qualquer forma, obrigada,
então.
O silêncio pairou sobre os dois.
Mas, no entanto, não parecia incômodo.
Trazia alivio pra ela, de alguma forma. Era como se a presença dele ali
significasse algum tipo estranho de sentimento bom.
Despertou de seus pensamentos, porém,
quando sentiu pingos frios em seus braços. Chuva.
— Talvez pareça uma boa opção ficar
aqui, mas pode pegar um resfriado, não acha?
Ela o olhou uma vez mais, tentando
entender tudo aquilo.
Ele era um estranho. Mas se preocupava
com ela como poucos.
Tão irônico.
— Conheço um lugar onde vendem o
melhor café da cidade. É bem pertinho. Que tal irmos até lá, beber um bom café
e conversar? Apenas conversar e relaxar. Nada de lágrimas. — Ele se levantou,
estendendo uma das mãos pra ela. — Então, o que me diz?
Ela o olhou nos olhos, examinando-o
por um segundo antes de tocar a mão dele com a sua, sentindo-o impulsioná-la a
ficar de pé.
Ele sorriu, dando os primeiros passos
e se afastando calmamente da pequena praça.
E mesmo que aquilo fosse loucura, na
maioria das vezes, perdemos muitas oportunidades simplesmente por que não nos
permitimos cometê-las. Loucuras que podem mudar a nossa vida no momento em que
mais precisamos e menos esperamos.
Loucuras ou escolhas, não importavam o
que fossem. O que é certo é que dependem unicamente de nós.
@Geysedmes
Nenhum comentário:
Postar um comentário