Ele esqueceu o violão lá em casa. Assim como esqueceu a blusa de frio com o cheiro de perfume bom que ganha essência única ao entrar em contato com a pele dele. Assim como esqueceu como era estarmos juntos.
Todavia, recordou (a si mesmo e a mim) o que um corpo poderia pedir de alguém. Sem pudores, sem amarras, sem mágoas, sem feridas. Apenas o contato, o calor, os sons, o suor, os olhares que, no silêncio, falavam tanto.
Sinergia.
Era possível esquecer tudo isso?
A resposta é bem simples e óbvia: sim.
O grande x da questão é que seremos todos esquecidos. Não importa quando ou quem seja, cada pequeno ou grande detalhe de qualquer coisa será roubado de nossa memória. E então, nos restará apenas o perdão.
Perdoar quem nos esquecer. Perdoar a si mesmo pelo esquecimento. Ambos voluntários ou não. Saber que uma hora ou outra as coisas vão mudar. Você vai mudar. E nada estará sob seu controle.
Mas, ainda assim, saberá perdoar. perdoar é estar e ser livre. Sempre. É deixar ir. Porque só se deixa ir aquilo que chegou e, se chegou, seja grato enquanto pode. Enquanto não esquece.
Seja sempre grato e perdoe. Esse é o segredo.
Anna Laura Tavares
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