sexta-feira, 31 de março de 2017

Make it count

Às vezes, você fica sem rumo, sem chão, sem lar. Completamente perdido e sozinho. Mas, isso não significa, necessariamente, que não se possa encontrar um abrigo no meio do caminho vez ou outra.



O desafio consiste no período entre um encontro e outro. É como se, em meio ao breu completo, você tivesse que andar na corda bamba que conecta dois precipícios.



Consegue imaginar? Não se vê um polegar de distância, mas, ainda assim, tem que seguir. Pé ante pé. Desequilibrando. Com cuidado. Ativando e aguçando cada sentido que lhe resta para reunir qualquer traço de força e esperança. Afinal, é só o que resta mesmo.



É você e você. Você com você, por você e para você. Você tropeça. O coração acelera, o pé escapa, falta-lhe o ar e o corpo parece desfalecer. Toda aquela força e toda aquela esperança se esvaem. E agora? Você dá conta de sair dessa?



Talvez um milissegundo faça a diferença. De repente, quando o corpo sai de uma espécie de torpe, a mão agarra-se à corda. Ali está uma energia que não se sabe de onde, como ou por que veio, porém, aproveita-a. Com toda a insegurança e medo, entretanto, aproveita-se.



Paulatinamente, a outra mão se torna capaz de alcançar a corda também. O abdome contrai e as pernas desajeitadamente se enroscam e lhe impulsionam para frente, afinal, não é possível voltar.





Não é fácil. É um caminho sem volta que cabe somente a você percorrer e, quiçá, vencer. O que não depende de você deve ser descartado. Assim como o medo, a insegurança, a dor, a tristeza, amargura.



Aí você fica mais leve. Consegue se levantar bem devagarinho porque está exausto, mas, consegue. Então, por fim, é capaz de dizer a si mesmo que você chegou lá. Não foi fácil, mas, valeu a pena.⁠⁠⁠⁠






Anna Laura Tavares

Nenhum comentário:

Postar um comentário